Páscoa e Empreendedorismo: comunidade de Barcarena investe na produção de alimentos com chocolate para geração de renda

Por Giullia Moreira

O mês de abril é conhecido pela celebração da Páscoa, data que reúne crenças e tradições através do compartilhamento de refeições, realização de cultos religiosos e presentes com chocolate – este último tendo se tornado uma das maiores marcas do feriado, movimentando o setor alimentício de forma considerável. No entanto, com o decorrer dos últimos anos e a crise financeira no Brasil, a busca por ovos de chocolates e outros produtos derivados do doce passaram a ser procurados fora do eixo dos grandes comércios. Logo, os doces artesanais de chocolate tornaram-se tendência e representam hoje uma grande oportunidade para empreendedores, inclusive no estado do Pará.

Abilene Pereira, de 60 anos, mora em Barcarena, mais especificamente na comunidade Nova Canaã. Hoje, ela lidera o empreendimento “Vovó Bel”, que produz barras de chocolate artesanais de 50 gramas cada e com 60% de cacau. A matéria prima do doce também é derivada de outra família agricultora da região; ou seja, estabeleceu-se entre a comunidade da cidade uma rede de apoio e comércio que se fortalece de forma contínua.

“Em 2009, conversando com algumas mulheres da comunidade, percebi a necessidade de ajudá-las de alguma forma. Aí surgiu uma ideia, conversei com minha irmã sobre trazer cursos, oficinas e palestras sobre temas, como empoderamento feminino e geração de renda, para essas famílias. No mesmo ano, consegui fazer a primeira oficina, e até hoje continuamos com estas ações. Um ano depois, minha mãe, que se chama Isabel, começou a doar lanches nessas programações e começou a fazer o chocolate para ser servido com biscoitos que ela mesma fazia quando recebia amigos. Eles começaram a perguntar porquê não fazíamos chocolate para comercialização, então começamos a produzir em pequena escala”, explica Abilene. “Escolhemos o nome ‘Vovó Bel’ para homenagear a minha mãe, que hoje está com 103 anos e é lúcida, linda e empoderada.”

Foto: Arquivo Pessoal / Abilene Pereira

Após o início do pequeno negócio, Denise Graças, amiga de Abilene, a informou sobre a existência do projeto Tipitix. A iniciativa foi contemplada e iniciou-se o processo de capacitação e desenvolvimento do empreendimento. “Com a parceria do Tipitix, as vendas alcançaram um outro público e a renda da família melhorou. Hoje somos um grupo de 8 pessoas, mas diretamente na produção dos chocolates somos 3: minha irmã Eliene Brito, meu sobrinho e eu. Nesse período de Páscoa, conseguimos participação em eventos, onde podemos vender os produtos. Mas além dos eventos, também participamos de feiras, encomendas e temos uma página no Facebook”, destaca.

De acordo com o relatório MindMiners, o empreendedorismo em 2023 como opção para sustento e subsistência é uma realidade concreta. Em entrevista para a pesquisa, 47% das pessoas possuíam como meta para este ano a troca de emprego ou iniciar um novo negócio. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), há 30 milhões de empreendedoras no país e mais de 85% gerenciam os empreendimentos sozinhas. Tendo em vista este cenário, iniciativas de incentivo e apoio como o Tipitix tornam-se de grande importância para as mulheres.

Sobre o Tipitix – O Tipitix não é apenas um espaço de beneficiamento e sim uma unidade de negócio que oferece para diferentes empreendedores e grupos sociais relacionados à agricultura familiar a possibilidade de acesso a novos mercados ou aos mesmos mercados em melhores condições. Ele é financiado pelo Fundo de Sustentabilidade Hydro (FSH) e Fundação Mitsui, com o objetivo de promover soluções para o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Entre os produtos já lançados no mercado estão as geleias de açaí e muruci, cobertura para sorvete de açaí, taperebá e cupuaçu, pão de queijo de macaxeira, maniva temperada, molho de pimenta de tucupi e muitos outros. O Tipitix ainda oferece consultoria nas áreas de tecnologia de alimentos, marketing, contabilidade e segurança alimentar.

O Portal Jambu é um espaço de jornalismo experimental com matérias produzidas por estudantes de graduação da Faculdade de Comunicação da UFPA sob a coordenação da Profa. Dra. Regina Lima e do jornalista Marcos Melo.

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