Documentário sobre a ancestralidade e pluralidade étnica da Terra Firme será lançado nesta sexta-feira (12)

Da Redação | Fotos: Divulgação GEDAI UFPA 

“EtniCidades Amazônicas: o bairro da Terra Firme em Belém” é um documentário que traz perspectivas plurais acerca da formação da cidade, especialmente sobre o ponto de vista da pluralidade étnica. O documentário é dirigido pela Profa. Dra. Ivânia Neves, da UFPA, pela jornalista Camille Nascimento e pela estudante de Ciências Sociais, Letícia de Souza. Produzido pelo Grupo de Estudo “Mediações, Discursos e Sociedades Amazônicas” (GEDAI-UFPA), o lançamento da obra acontece nesta sexta (12), a partir das 18h, no Curral Cultural Boi Marronzinho, na Terra Firme.

Camille Nascimento comenta que o documentário, ao tratar da Terra Firme, expande o seu local de fala para outros bairros não apenas de Belém, mas da Pan-Amazônia. “Para este documentário tivemos um importante contato com sujeitas e sujeitos da Terra Firme, que compartilharam conosco suas memórias e suas questões afetivas com diferentes elementos do bairro, como o Rio Tucunduba, ruas consideradas fundamentais neste local, espaços culturais, entre outros. Trouxemos para o documentário este registro plural, feito por diversos olhares e vozes que compõem o bairro, e que fazem referência também a todas as periferias pan-amazônicas”, explica. 

Grafite nas ruas da Terra Firme, feito pelo artista PTCK.

O projeto audiovisual reuniu falas sobre diferentes aspectos da Terra Firme, vindas de diversas pessoas que vivem no bairro, dentre professores, artistas, pesquisadores e moradores. Entre eles estão: Lília Melo, Joelcio Santos, Aiala Colares e Shaira Mana Josy. O documentário é dividido em quatro blocos. Cada um deles aborda diferentes aspectos acerca do bairro e do projeto em si, como a explicação do conceito de “EtniCidade” e questões que envolvem a história e formação da Terra Firme, o Rio Tucunduba e as periferias pan-amazônicas.

No primeiro bloco do doc, além da definição de “EtniCidade”, as cenas abordam o apagamento da ancestralidade indígena e africana da história do bairro,  bem como uma videoarte resultante de uma oficina ministrada às crianças da Terra Firme pela rapper e produtora cultural Shaira Mana Josy. O workshop teve como objetivo inserir a criançada na formação histórico-cultural do bairro, enaltecendo a ancestralidade que, muitas vezes, é apagada na história. 

No segundo bloco, a história de formação do bairro é abordada de forma mais profunda, explicando como ele foi se formando através dos anos e os problemas estruturais que passaram a ocorrer. Já no penúltimo bloco, o documentário fala sobre o Rio Tucunduba, sua origem indígena e como ele foi sendo transformado e poluído pouco a pouco. Entretanto, na atualidade, o rio ainda se mantém importante na vida dos moradores. Para encerrar a produção, o último bloco trará discussões acerca das periferias pan-amazônicas e da relação entre periferia e universidade no Brasil.

Rio Tucunduba é muito significativo para os moradores do bairro. Foto: Harrison Lopes.

Aiala Colares, um dos pesquisadores entrevistados pelo documentário, destaca a importância de compreender a formação do bairro, relacionada à migração de comunidades quilombolas e a luta pelo direito à moradia. “É impossível falar sobre a história da Terra Firme sem falarmos da história da migração de quilombolas de várias regiões do Pará e do Maranhão. Então, para mim a Terra Firme é um quilombo urbano que conta a história de um povo que resiste durante muito tempo dentro da cidade, da periferia. O bairro tem uma origem relacionada ao movimento social, o movimento de luta pelo direito à cidade e pelo direito à moradia, que constrói esse bairro. E nós sabemos que grande parte da população que sofre com o déficit habitacional são pessoas negras e de origem indígena, que é um grupo populacional bem característico da cidade de Belém”, ressalta.

A trilha sonora do longa é assinada por Allan Carvalho, bolsista do projeto, que compôs duas músicas que retratam a realidade do bairro da Terra Firme e uma especial acerca da origem indígena do Tucunduba. As músicas e as letras estão integradas ao documentário. “EtniCidades Amazônicas: o bairro da Terra Firme em Belém” é um produto do projeto “Etnicidades Afro-Amazônicas, Danças, Narrativas e Identidades na Terra Firme”, financiado por emenda parlamentar da Deputada Federal Vivi Reis e pela Capes.

Serviço:

Lançamento do Documentário “EtniCidades Amazônicas: o bairro da Terra Firme em Belém”

Data: Sexta-feira, dia 12 de janeiro

Horário: Às 18h.

Local: Curral Cultural Boi Marronzinho, Passagem Brasília, 170, bairro da Terra Firme.

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