Por Rafael Arcanjo e Felipe Vilhena | Foto: Time Enactus UFRA
Criada em 2013, a Enactus UFRA tem uma equipe composta por mais de 40 alunos de graduação da Universidade Federal Rural da Amazônia. Eles desenvolvem projetos na Região Metropolitana de Belém voltados ao empreendedorismo como forma de mudança social. O Enactus UFRA é uma vertente da Enactus Brasil, e parte da Enactus, uma Organização Social de Interesse Público sem fins lucrativos internacional presente no Brasil e em outros 30 países mundo afora. O objetivo é promover o desenvolvimento social por meio do empreendedorismo. No território nacional, a Enactus tem times em mais de 200 instituições de ensino superior públicas e privadas, e no Pará, a organização mantém times na UFPA e na UFRA.
Acompanhada pela Profa. Dra. Natalia Guarino, que ocupa o cargo de professora-conselheira da equipe, a Enactus UFRA desenvolve seis projetos voltados de desenvolvimento social com foco em empreender. Um destes projetos é o “EmpoderArt”, realizado pela Suzano com parceria da Enactus UFRA, que visa o empreendedorismo feminino e acompanha 30 mulheres empreendedoras de baixa renda que atuam nas áreas da costura, artesanato e gastronomia. Focada no desenvolvimento econômico, valorização da cultura local e reaproveitamento de materiais que seriam descartados, o projeto ensina marketing digital, uso das redes sociais, precificação dentre outras habilidades que possam ajudar as mulheres envolvidas.
Para contar um pouco sobre este projeto que valoriza a cultura regional e o desenvolvimento sustentável, o Portal Jambu trouxe uma entrevista com Ingrid Lorena, presidente do time Enactus UFRA desde o ano passado e graduanda em Agronomia. A dirigente da equipe contou um pouco sobre como surgiu o “EmpoderArt” e sobre seus impactos nas vidas das empreendedoras envolvidas no projeto.
Confira abaixo a entrevista na íntegra.
Portal Jambu: Como surgiu a iniciativa “EmpoderArt”?
Ingrid: “Ele já acontecia, feito pela área de responsabilidade social da empresa Suzano, só que faltava mais um ‘up’, mais engajamento e precisava-se de mais pessoas ali na frente apoiando o projeto. Aí então, em novembro do ano passado, a gente começou a trabalhar com a Suzano. Conhecemos eles, fizemos reuniões com a área de responsabilidade social e aí a gente iniciou o trabalho primeiramente desenvolvendo um trabalho de hortas para comunidades do bairro da Sacramenta. A parceria deu certo e nisso, junto a Suzano, decidimos trabalhar também com o ‘EmpoderArt’
O ‘EmpoderArt’ acontece no distrito administrativo DASAC*, que não engloba só a Sacramenta, mas também os bairros do Telégrafo, do Barreiro etc. São trinta mulheres que participam do projeto, então é uma parceria da Enactus UFRA com a Suzano e ele acontece na Associação de Moradores da Sacramenta e todas as sextas-feiras há encontros onde fornecemos algum tipo de capacitação a essas mulheres.”
* O Distrito Administrativo da Sacramenta – DASAC engloba os bairros da Sacramenta, Barreiro, Fátima, Pedreira, Telegráfo, Miramar e Maracangalha.
Portal Jambu: Quais atividades deste projeto a Enactus desenvolveu?
Ingrid: “Ele é dividido em três nichos: artesanato, costura e gastronomia. A gente começou primeiro com o Marketing, pois muitas das mulheres que participaram do projeto não sabiam mexer direito no celular, então começamos desde o básico pra alavancar o projeto, porque cada uma delas têm seu próprio negócio, e aí uns estavam mais devagar, outros estavam assim mais acelerados e aí nós queríamos mesmo era impulsionar o trabalho delas. Começamos pelo marketing digital, ensinamos elas a utilizar o WhatsApp Business, Instagram, tráfego pago, todas essas plataformas nos demos no primeiro momento.
Como temos o nicho gastronômico, nós levamos professores da UFRA para dar capacitações no projeto voltadas à apresentação de produtos e outras ideias. As mulheres da gastronomia trabalham muito, vamos dizer, com comidas não tão culturais, como coxinhas e entre outras, e a nossa proposta da Enactus UFRA é justamente trazer essa valorização da cultura com elas. Sabemos que está chegando a COP30 e elas precisam se adequar a esse tempo que chegam a Belém, e aí foi essa proposta que nós trouxemos para elas junto dos professores da Rural para incrementar essa questão da gastronomia mais local, mais regional, no catálogo de produtos dela.
A gente também trabalha com o pessoal de costura, e outra parte das capacitações que nós trouxemos, que foi muito interessante, foi a de precificação. Muitas delas vendem seus produtos, mas não sabem realmente qual o valor que ele tem, ou qual o gasto que tiveram, e aí trouxemos essa capacitação para elas. As capacitações de precificação e de marketing foram feitas por membros do Time Enactus UFRA, pela nossa Diretoria Financeira e pela Diretoria de Marketing e Comunicação, respectivamente.”
Portal Jambu: O projeto é uma iniciativa fixa ou é temporário?
Ingrid: “Ele é um projeto fixo da empresa Suzano, da área de responsabilidade social da empresa, porque a Suzano busca impactar positivamente a região onde fica a fábrica dela e aí eles nos chamaram para ajudar a impulsionar esse projeto, e a nossa participação é temporária.
O projeto funciona.. vamos dizer como um contrato e a gente vai finalizar ele agora em julho, e aí a gente vai se sentar com a Suzano para ver se tem a possibilidade estender mais um pouco. O nosso objetivo não é ficar no projeto por quatro, cinco anos.. não, queremos que estas mulheres aprendam o que nós estamos ensinando e que levem isso pra frente mesmo, e essa também é a visão da Suzano né? Queremos que essas mulheres tomem a frente das iniciativas e passem para outras mulheres o que elas aprenderam aqui com o time.”
Portal Jambu: De que forma vocês englobam o aspecto cultural dentro das atividades voltadas à culinária? Como isso vem sendo feito agora, principalmente quando se trata de COP30?
Ingrid: “Quando temos as nossas reuniões e capacitações, trazemos essas possibilidades para elas do que tá em alta no mercado e do que elas podem implementar nos cardápios e catálogos. Além das capacitações, nós trabalhamos junto com elas nas feirinhas, que acontecem em escolas, na fábrica da Suzano, e aí falamos para elas o que elas podem trabalhar, o que elas podem fazer, o que tá dando lucro, e elas levam para essas feirinhas. E lá elas conseguem vender. A gente tem a parte do artesanato que traz os detalhes marajoaras, o que já é algo voltado à nossa cultura. Na parte gastronômica que realmente nós estamos alí trazendo informações do que elas podem fazer.”
Portal Jambu: Quais outras formas de economia criativa culturais vocês desenvolvem com elas?
Ingrid: “No artesanato, temos a produção de jarros, de pratos, tudo voltado para essa estética mais marajoara e decorativa, que já vende bastante. Já o pessoal da costura, elas fazem algo muito bacana que é reaproveitar roupas que estão um pouco velha ou que têm algum defeito e aí elas transformam peças como camisas e calças em bolsas.”