Por Rafael Arcanjo | Foto: July Silva
O projeto “Nortes-Mulheres-Territórios-Artes” realiza, nesta quinta-feira (19), às 15h, no Hall do Prédio Anexo da Faculdade de Artes Visuais, na Universidade Federal do Pará, exposição com o resultado final das atividades desenvolvidas no projeto.
Na ocasião, as artistas Mylena Monteiro e July Silva, realizadoras do projeto, vão apresentar seus processos criativos. Para isso, será disponibilizado, de maneira virtual, aos presentes, oito obras que comporão a mostra final “(des)Encontros em Terras Negras”, prevista para abril de 2025.
O projeto Terras Negras tem seu começo, segundo Mylena Monteiro, a partir da pesquisa de mestrado da artista na Universidade Federal do Pará, onde ela se debruçou sobre arte, cultura e educação na cidade de Castanhal, sua cidade natal. A partir de uma análise, Mylena constatou que o acesso, o contato e os gostos relacionados à arte em alguns espaços acontece de maneira mais informal, a partir do cotidiano, da convivência familiar e dos bairros, por exemplo.
Tendo essa observação como pontapé inicial, a artista buscou transformar seu objeto de pesquisa em um objeto artístico e chamou July para construírem juntas a exposição, trazendo ao foco suas experiências pessoais enquanto artistas. “Decidi tornar a pesquisa em objeto artístico, e como sou próxima da Artista July Silva, decidi convidá-la, para falarmos das coincidências e diferenças que temos por sermos de Castanhal e Bujaru, e sermos duas jovens artistas negras de cidades do interior que se encontram na capital para estudar. Falar sobre nossas memórias, território e incentivos artísticos ao longo da nossa trajetória, e da importância de se conhecer a diversidade que as cidades paraenses (além da capital) carregam, além de vários artistas potentes”, comenta.
A atividade desta quinta-feira é a segunda contrapartida, momento onde se desenvolve um maior diálogo com o público, estabelecida no projeto pelas artistas. A primeira aconteceu ainda em novembro, no Espaço Cultural Nossa Biblioteca, no Guamá, onde se foi ensinado à jovens do bairro técnicas de bordado. O objetivo desta primeira atividade foi possibilitar que os alunos pudessem usar os ensinamentos para produzirem imagens e frases relacionadas às suas memórias individuais e coletivas, de maneira a compreenderem as diferentes relações sociais que permeiam sua existência nestes espaços.
Já para este segundo encontro, as artistas vão conversar não somente sobre os processos de construção e criação de obras de arte, mas também vão apresentar toda a equipe por trás do projeto. De acordo com Mylene, ela e July vem selecionando para equipe principalmente artistas negras, pois a temática da arte negra é uma das principais linhas-guias do projeto.
A partir desta iniciativa, Mylene Monteiro espera mostrar a arte enquanto profissão ao público geral, e como, às vezes, a construção de projetos artísticos é custosa e difícil pelo pouco apoio financeiro. “Eu acho muito importante, por que nós duas temos formação em licenciatura, que as pessoas compreendam como a Arte é uma profissão também. Ser artista… a Cultura e a Arte, ela é todo um segmento de profissão, do artista que se apresenta num palco, numa exposição, num estúdio, enfim, até outras áreas para fazer aquele projeto”, destaca.