Da Redação | Foto: Divulgação
A partir deste sábado (27), as produtoras Cine Diáspora e Cultura Belém realizam, no Quilombo São José de Icatu, em Mocajuba, a segunda etapa do Projeto “Cine Quilombo Tocantina”. O projeto foi aprovado no edital da Lei Paulo Gustavo, da Fundação Cultural do Pará (FCP), e tem como proposta fortalecer a formação audiovisual e assegurar as histórias das comunidades quilombolas da região paraense do Baixo Tocantins. A iniciativa prevê a realização de um circuito de oficinas e exibição de filmes. Além de São José do Icatu, o projeto passará por outras seis comunidades quilombolas até outubro.
Para as oficinas, o evento tem o apoio das associações dos remanescentes de quilombo das oito comunidades participantes e a parceria da Escola Ananse. Segundo Rafael Nzinga, diretor da Cine Diáspora, a metodologia é discutir a questão racial por meio do audiovisual, com objetivo de formar novas lideranças quilombolas e profissionais no setor do audiovisual. Rafael explica que o evento visa também fortalecer a capacidade audiovisual e registrar as histórias das comunidades.
Neste sábado, serão exibidos os filmes: ““Mensageiras da Amazônia”, de Coletivo Daje kapap Eypi (PA); “O Brilho da Herança”, de Júnior Machado (SP); e “Samba de Catete – Alvorada Quilombola”, de André Santos (PA). Além desses, será também exibido o filme “A Mistura de Anhanga”, que foi produzido na primeira edição do projeto, no quilombo Igarapé Preto, Oeiras do Pará, em maio deste ano.
De acordo com Rafael, a curadoria das obras a serem apresentados pelo projeto priorizou produções feitas por realizadores negros, quilombolas e indígenas, para visibilizar o trabalho destes profissionais, que muitas vezes estão fora das grandes produtoras e dos circuitos comerciais de cinema. Os filmes escolhidos foram gravados em comunidades quilombolas do Pará, Amapá, São Paulo e Maranhão, além de uma produção filmada na aldeia indígena Munduruku (PA).
“O cinema é uma poderosa ferramenta para formação do pensamento crítico e isso vem sendo fortalecido com os mecanismos de políticas afirmativas, que possibilitam o aumento do número de cineastas negros. O ‘Cine Quilombo Tocantina’ nasce para dar visibilidade a essas produções e levá-las ao povo que mais precisa vê-las”, completa Nzinga.
O projeto, segundo a organização, pretende beneficiar 8 mil moradores de comunidades quilombolas localizadas na região de integração do Tocantins, no Pará, que compreende os municípios de Baião, Bagre, Breu Branco, Cametá, Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Oeiras do Pará e Tucuruí. Diretamente, a iniciativa gera emprego para mais de 40 pessoas quilombolas da região e movimenta o comércio local.
Lu Peixe, sócia da Cine Diáspora e idealizadora do “Cine Quilombo Tocantina”, ressalta que essa circulação veio para contribuir com o fortalecimento da população quilombola no audiovisual. “O Brasil investiu cerca de R$52,1 bilhões em produções de conteúdo em 2021, mas ainda carece de produções negras e nortistas. Temos que olhar o audiovisual como um setor que, além de salvaguardar nossas histórias, gera emprego e renda para essas comunidades”, conta.
As outras seis comunidades por onde o projeto vai passar durante este segundo semestre de 2024 são: Quilombo do Cardoso, em Baião, (03/08/2024); Quilombo de Engenho, em Baião (10/08/2024); Quilombo de Terra da Liberdade, em Cametá (24/08/2024); Quilombo Tambaí-Açu, em Mocajuba (14/09/2024); Quilombo de Mupi, em Cametá (21/09/2024); e Quilombo do Igarapé Arirá, em Oeiras do Pará (05/10/2024). Todas receberão mostra de filmes e mais de 12 horas de formação audiovisual.