Da Redação
Utilizada inicialmente em 1855, a corda é um dos grandes símbolos da festividade católica, e pela primeira vez foi confeccionada totalmente no Pará. Até o ano passado, a corda era feita de sisal, fibra vegetal dura e resistente, e produzida em Santa Catarina, mas para a edição desse ano, ela foi feita em Castanhal, com uma composição de fibras de malva e juta, todas plantadas na Região Amazônica. Na próxima quarta-feira, 13 de setembro, acontecerá a cerimônia de entrega da corda na cidade de Castanhal. Em seguida, ela será transportada até Belém, sendo entregue na Estação Luciano Brambilla, onde ficará guardada até o dia 23 de setembro, quando a Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) fará a vistoria.
A novidade foi anunciada pela DFN em abril, e a corda foi doada pela empresa Castanhal Companhia Têxtil (CTC) à Diretoria, em parceria com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (SEDEME). Ao todo, a peça tem 800 metros de comprimento, com partes de 400m para cada romaria, e 50 milímetros de diâmetro, já vindo adaptada às estações metálicas que auxiliam o traslado das berlindas durante as procissões.
A peça será recebida na capital paraense pela DFN, pela Guarda de Nazaré e pelos Padres Barnabitas, que darão a benção a corda antes dela passar pela revisão da Diretoria, prevista para o dia 23 desse mês. A presença da malva na nova composição da corda a deixa mais macia ao toque, enquanto os fios de juta a mantém resistente e firme. O processo de transformação dos fios passa por vários estágios de fabricação, desde a colheita, realizada por diversas comunidades que fornecem o material à CTC, até a produção final. A previsão é que ela seja entregue por volta das 11h, na Estação Luciano Brambilla, no Centro Social de Nazaré, em Belém.
Antônio Salame, coordenador do Círio 2023, destaca que toda essa produção, do plantio a fabricação do fio foi realizada aqui no estado do Pará, contribuindo também para o desenvolvimento local. “O Brasil e o mundo terão a oportunidade de conhecer mais este trabalho das comunidades daqui. E para cada pessoa que participou deste processo de produção da corda, desde a semente, plantação, colheita e fabricação, tenho certeza de que se sente um promesseiro da corda e abençoado, além disso, barateamos o custo de mais este ícone da festividade, pois além da doação da corda, vamos economizar com o transporte”, evidencia.
Em junho, o Laboratório de Engenharia Civil da Universidade Federal do Pará emitiu um laudo técnico sobre a composição da corda, constatando que a versão que será utilizada no Círio deste ano tem uma superioridade de 10% de resistência em comparação às versões anteriores, feitas de sisal. Os testes foram realizados com um protótipo de 50m produzido pela CTC
História – Em 1855, uma enchente da Baía do Guajará alagou a orla, que se estendia do Mercado Ver-o-Peso às Mercês, e a berlinda acabou atolando ao passar pela procissão. Os cavalos que a puxavam não conseguiram mais puxá-la, e então foram desatrelados. Um comerciante local acabou emprestando uma corda para que os próprios fiéis pudessem puxar a berlinda. Desde esse momento, ela foi incorporada ao Círio e se tornou um símbolo da conexão dos fiéis com Nossa Senhora de Nazaré.