Portal Jambu

Por Kelvyn Gomes | Foto: Reprodução Instagram

O novo espaço do Portal Jambu manterá as portas abertas para reflexões e debates sobre temas relacionados às artes e a cultura da região. Lançado no último dia 01 de setembro, com texto de Gabriel Conrado, “As novas caravelas estão chegando”, o novo ambiente foi bem recebido pelos leitores e deve ter continuidade com textos assinados por artistas e produtores locais.

Em “As novas caravelas estão chegando”, o comunicador discutiu tema bastante sensível quando falamos sobre cultura e produção cultural na Amazônia: a invisibilização de fazedores e fazedoras e da cultura amazônida. Diversas vezes apagada do circuito nacional, ou colocada em um lugar secundário ou exótico, a cultura amazônica e seus artistas e produtores sofre com altos custos e baixos investimentos, além da desvalorização de diversos profissionais.

Em entrevista ao Portal Jambu, Gabriel afirmou que fez opção pela analogia às grandes caravelas utilizadas pelo colonizador europeu no século XVI, porque considera que vivemos um novo processo de colonização, agora voltado para a captação de recursos financeiros a partir de leis de incentivo. Antes ignorada pelos grandes eventos, o foco na região, acredita o autor de “As novas caravelas” está relacionado à vinda da COP 30 para Belém. “Tendo esse foco na Amazônia, as pessoas que são de fora, principalmente sudestinos e sulistas, começam a enxergar a Amazônia como potência e a captar esses recursos que poderiam ser recursos destinados a pessoas da própria Amazônia”, explica o influenciador.

Gabriel Conrado, administrador do perfil @eguapreto no instagram é conhecido na internet, entre outras coisas, por suas reflexões sobre temas muitas vezes considerados polêmicos e silenciados pela grande mídia. Ele considera que espaços como o Portal Jambu, que visa dar visibilidade a artistas e fazedores culturais, e a debates que estão fora do mainstreaming permitem a reflexão crítica e o enriquecimento do debate público. “Essa visibilidade ela é muito importante para que a gente tenha várias perspectivas sobre o mesmo assunto, mas sempre ficando de olho sobre a qualidade dessa informação, dessa discussão, pra que a ela não seja uma cortina de fumaça, e perca a visão e discussões de assuntos que são urgentes”, aponta o produtor de conteúdo.

Mestre em Ciência Política, ele considera que esse ciclo não deve se encerrar a curto prazo, sendo resultado de um processo histórico que se arrasta por séculos. Ele considera que o primeiro passo para mitigar o problema está nos investimentos em educação e investimentos “nos corpos criativos que existem aqui, nessa galera já trabalha, que faz as coisas acontecerem no Norte. Sejam professores, sejam artistas, de diferentes áreas. Eu acredito que pra diminuir esse processo seria investir naquilo que já existe aqui e não buscar no que tem de fora”, analisa Gabriel.

O influenciador digital examina o papel das mídias sociais e dos produtores de conteúdo nesse contexto. “Quem tem alguma influência digital deveria começar a olhar para a sua região com mais carinho, buscar investimentos, porque isso não seria bom apenas para esse grupo, mas para todos. As pessoas aqui de dentro abandonarem esse sentimento de colonialismo, de precisar de uma aprovação do sudeste pra que isso seja bom, pra que tenha algum valor e começar a se colocar como aqueles que colocam valor nas coisas, como aqueles que valorizam sua própria região sem precisar do aval de quem é de fora”, argumenta Gabriel.

Para fazer pensar sobre arte e cultura em tempos de COP 30 na Amazônia, “As novas caravelas estão chegando”, texto de Gabriel Conrado, está disponível em portaljambu.com e @portal.jambu.

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