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Por Kelvyn Gomes | Fotos: Cedidas por Caruanas

Belém tem experimentado um aumento no número de grupos e praticantes da canoagem que buscam na modalidade esportiva saúde e bem-estar físico e emocional. Entre eles, a Caruanas, com sede na praça Ver o rio, no bairro do Umarizal, que oferece turmas para iniciantes e expedições imersivas para as ilhas da região insular da capital.

Uma prática ancestral

Reconhecida como esporte Olímpico apenas em 1936, a canoagem é uma prática ancestral de diferentes povos ao redor do mundo, o que resulta também em diferentes modalidades. Especialistas consideram que a canoagem surgiu, como esporte náutico, a partir dos usos cotidianos que populações indígenas ao redor do mundo fazem desse equipamento. As canoas e caiaques eram utilizados como veículos de pesca e trabalho.

Na Amazônia, região também reconhecida pela sua geografia recortada pelo maior e mais volumoso rio de água doce do planeta, o Amazonas, o uso da canoa é uma prática ancestral, fazendo parte do dia a dia das populações locais, um dos primeiros meios de transportes fluviais e, em algumas regiões, um ítem de primeira necessidade.

De diferentes tamanhos e formatos, produzidas a partir da escavação do tronco de árvores, os bũgu e igaras, canoas em Nheengatu, eram utilizadas por diversos grupos indígenas para o transporte de pessoas e produtos, como veículo de guerra contra o invasor europeu e essenciais no processo de colonização da região, já que poderiam ser grandes o suficiente para cruzar longas e caudalosas extensões de rio, ou médias e pequenas para entrar nos furos e igarapés mais estreitos, adentrando os rincões da Amazônia.

Novos praticantes em busca de saúde e bem-estar

Desde as três medalhas conquistadas por Isaquias Queiroz nas Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, a modalidade ganhou destaque e popularidade no Brasil, conquistando novos adeptos. Em Belém, a Caruanas, escola de canoagem, criada em 2017, reúne grupos de diferentes faixas etárias para a prática esportiva principalmente da canoa polinésia.

O jornalista e instrutor de canoagem, Alan Bordalo, explica que o nome escolhido vem de uma série de referências que ele experimentou durante a vida. Foi durante a criação da escola que Alan buscou pesquisar sobre o significado do nome que já fazia parte do seu imaginário. “Os caruanas são uma espécie de doutrina espiritual vinculada à pajelança cabocla e praticada principalmente na Ilha do Marajó. E por essa cultura, os caruanas são entidades que vivem no fundo das águas e nas florestas e trazem cura e equilíbrio pros seres viventes. Então eu achei muito legal a gente trabalhar isso, sabe?”, comentou um dos fundadores do grupo.

O instrutor considera que a adesão do belenense ao esporte está diretamente relacionada à cultura ribeirinha amazônica e à relação que temos com as águas a partir da orla da cidade. E que a canoagem é a ferramenta que mais aproxima o morador da cidade dos rios. “Eu acho que nunca teve tanta gente conhecendo mais, se permitindo conhecer mais esse lado da cidade, o lado fluvial da cidade, do que antes de chegar a canoagem. Eu atribuo principalmente a canoa polinésia, essa procura maior, porque é uma modalidade muito convidativa. É uma atividade em grupo, onde as pessoas tendem a se sentir muito mais seguras, por estarem remando em uma canoa com outras cinco, ou até com dez pessoas”, explica Alan.

Além de experimentar as belas paisagens das ilhas que compõem a cidade e se mesclam à paisagem urbana da capital, a canoagem gera bem-estar físico e emocional aos seus praticantes. “Quando as pessoas estão com algum probleminha de ordem pessoal, a canoa tem um efeito terapêutico muito significativo na vida delas. Eu acho que isso de tu estar na natureza, fazer um esforço e levar o teu esforço pra água, dissipar ele ali na água, tem um potencial terapêutico que é digno até de um estudo”, conta o instrutor.

Além da prática esportiva, a Caruanas desenvolve projetos socioambientais com intuito de conscientizar não apenas seus alunos, mas a população sobre a importância da preservação ambiental e de segurança alimentar. Para o futuro, Alan, espera desenvolver projeto para crianças da Vila da Barca, comunidade localizada na margem urbana da Baía do Guajará e próxima do QG do grupo.

O lado ribeirinho de Belém, renegado durante o processo de urbanização da cidade, volta a ter instrumentos que proporcionam esse contato, como a canoagem. Ficou interessado em vivenciar a experiência de estar no rio, de conhecer as ilhas, a bubuia da nossa cidade? A Caruanas tem turmas para iniciantes de diferentes idades e expedições pelas ilhas de Belém, com saída da praça Ver-o-rio, no bairro do Umarizal. Ou procurar por eles nas redes sociais: @caruanasvaa

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