Da Redação | Foto: Miguel Gondim de Castro Castro
A artista visual paraense Isa Muriá lança, nesta terça-feira (03), o mini-documentário “Águas de Encantaria”, em seu canal do YouTube. A produção se debruça sobre as inspirações de Isa Muriá para a construção de seu mural homônimo, instalado em São Paulo capital, selecionado pelo Museu de Arte de Rua, bem como os bastidores da obra. Tanto a arte, quanto o documentário, abordam elementos e histórias da Região Extrativista Mãe Grande de Curuçá, no Pará.
No filme, Isa compartilha os depoimentos de Glória Rocha, sua tia-avó, sobre as memórias e vivências com Manoel Rocha, pescador e bisavô da artista. Nestes relatos, Glória fala sobre as histórias acerca da natureza e da encantaria popular amazônica, para manter viva as tradições orais. No contexto amazônico, as lendas, ritos, encantos e grande parte da cultura local de regiões mais afastadas ou interioranas é passada de forma oral, seja de vó pra neto, de pai pra filho, de tio para sobrinho e etc.
“Escutar essas percepções do mundo e do respeito com os encantados me ensina muito. Salvaguardar a memória dos meus antigos me fortalece aonde vou e inspira esta e muitas outras obras. São essas vozes que navegam comigo na minha ancestralidade, minha raiz no mangue”, conta a artista.
Já a empena – nome dado às artes urbanas feitas nas paredes laterais de grandes edifícios – está instalada no bairro de M’Boi Mirim, na capital paulista, e traz uma narrativa sobre as mulheres-peixe e os encantados amazônicos, seres míticos do folclore amazônida. A obra também busca construir um paralelo entre a ancestralidade da Amazônia e a história do bairro, vindas de suas raízes tupi-guarani. A obra, além de valorizar as tradições da floresta, resgata também o papel da arte como instrumento educativo, de preservação da memória e do diálogo, ao entrelaçar as histórias de comunidades ribeirinhas e da cidade grande.