De Felipe Vilhena | Foto: Mateus Felipe
Neste domingo, dia 28, encerra-se a exposição “Levantes Amazônicos” instalada no Museu de Arte de Belém (Mabe) e no Sesc Ver-o-Peso. A exposição mostra a relação entre imagens, emoções e lutas políticas no território amazônico através de obras que provocam diferentes formas de ver, imaginar, sentir e pensar. Além das obras, outras atividades foram realizadas ao longo do mês de julho.
A exposição é uma das ações previstas por dois projetos de pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA), o “O destino da indignação: imagem e sublevações na Amazônia” e “Alegorias do sofrimento e da resistência: disposições afetivas da política em imagens fotográficas”, voltados à pesquisa sobre imagem. Coordenada pelo professor Leandro Rodrigues Lage, a mostra reuniu mais de 50 obras de 43 artistas locais, com fotografias, produções audiovisuais, pinturas, gravuras e
O objetivo da atividade é levantar as discussões e conhecimentos produzidos atrás dos muros da universidade às ruas, para que possam ser socializados com a população. Quem conta mais sobre isso e outros detalhes da realização do “Levantes Amazônicos” é o professor Leandro Lage em entrevista para o Portal Jambu
Portal Jambu: Estava previsto que os dois projetos fariam essa exposição juntos?
Leandro: Ambos coordenados por mim, financiados pela Capes, mas por editais diferentes. Um deles, o “Alegorias”, é um projeto que a gente chama de Edital de Produtividade em Pesquisa. Ele é um projeto pessoal de desenvolvimento de pesquisas. O outro não, ele já pressupõe a composição de equipes para o desenvolvimento das pesquisas. Ambos os projetos já previam a realização da mostra, não foi uma decisão tomada durante a realização das pesquisas. Então, em algum momento, eles realizariam uma ação extensionista que reunisse algumas das imagens estudadas pelos projetos e as expusesse ao público em geral, como parte de uma ação de popularização do conhecimento.
Portal Jambu: Como foi feita a curadoria das obras expostas no Levantes Amazônicos?
Leandro: A exposição se iniciou com a abertura de um edital para a inscrição de artistas e de trabalhos. Mas além da inscrição desses artistas, nós também fizemos um convite para outros artistas com trabalhos que já vinham sendo importantes para a pesquisa. Então assim, nem todas as obras já vinham sendo estudadas na pesquisa, às vezes eram outras obras dos mesmos artistas, então não dá para dizer que a exposição foi feita com todas as imagens estudadas. Mas muitas das obras expostas eram de artistas que haviam sido monitorados durante a pesquisa.
Portal Jambu: Qual foi a resposta dos artistas em participar do projeto?
Leandro: Essa foi uma das recepções mais calorosas e que mais deixou a gente feliz, porque os artistas foram muito carinhosos com a gente, foram muito receptivos, eles participaram ativamente da exposição, tanto os artistas já consolidados quanto artistas emergentes, que nunca tinham exposto nenhuma obra em nenhum lugar. Então a gente teve um envolvimento muito legal dos artistas, que foram compreensivos com as nossas limitações, mas que ainda assim compraram a ideia da exposição e emprestaram uma parte da sua produção criativa para fazer disso uma experiência. Uma experiência acadêmica, científica e de amplo acesso.
Portal Jambu: Qual o objetivo dos projetos de pesquisa com a realização da mostra?
Leandro: Na universidade, a gente trabalha com produção científica que circula nos meios acadêmicos. É muito difícil que esse conhecimento saia da universidade e se popularize, transite, circule por outros âmbitos sociais. Então uma das ideias era fazer com que a gente não apenas montasse uma amostra de arte, mas que usássemos dessa mostra para expor sobre os conhecimentos que a gente tem produzido. Uma parte disso foi feita na exposição, outra parte foi feita na programação educativa e cultural, que envolveu rodas de conversa, oficinas e mostra de cinema. A exposição como um todo, mais essa programação, foi toda uma iniciativa para integrar o conhecimento científico que vinha sendo produzido na academia e abrir isso para a participação das pessoas de maneira geral, não apenas para a comunidade acadêmica.
Portal Jambu: Com o término da exposição, quais resultados vocês puderam recolher nesse primeiro momento?
Leandro: Foram vários os resultados da exposição, o primeiro deles foi um aprendizado para a equipe. A exposição em si foi um trabalho pedagógico que envolveu alunos, discentes de vários cursos como artes, comunicação, cinema, museologia. Então ela tem em primeiro lugar essa finalidade pedagógica de envolver esses alunos que participaram de todo o processo da exposição, do planejamento, planejamento dispositivo até a montagem, desmontagem e por aí vai. O outro resultado foi em termos de público. A gente teve uma participação muito surpreendente, só no primeiro dia tivemos uma média de 500 participantes, com o livro de assinaturas da exposição praticamente todo preenchido. A gente não tem ainda o resultado numérico exato, mas consideramos que a exposição foi um absoluto sucesso de público, mesmo sendo mês de julho, em que todo mundo está de férias, querendo curtir praia e descansar. Então a gente foi surpreendente positivamente.
Em termos de resultado de popularização de conhecimento, isso é mais difícil mensurar. Mas a gente consegue estimar que: se elas souberam da exposição, foram, participaram e compartilharam, é porque de alguma forma elas entraram em contato com as obras e se identificaram, conseguiram entender nossa proposta. A gente teve uma resposta muito positiva nesse sentido.
Portal Jambu: Há planos para ações pós-Levantes?
Leandro: Uma atividade como essa tem um posto que é meio silencioso. Vamos entrar na etapa de desmontagem da exposição, depois de devolução das obras, prestação de contas, e aí é que a gente vai pensar em outras ações envolvendo o público. O que a gente pode adiantar é que o catálogo da exposição vai ser lançado em livro, com textos comentando os trabalhos. Isso não tem ainda uma data de lançamento, porque a gente ainda está em elaboração, mas a exposição vai gerar um livro.