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Da Redação

Com um olhar totalmente voltado às artes, Melissa Barbery é artista visual, design, professora e pesquisadora. Ela é formada em Artes Visuais e Tecnologia da Imagem pela Universidade da Amazônia, possui doutorado em Artes no PPGArtes da UFPA, e sempre reproduz em seus projetos, a influência clássica e paraense que absorveu desde a infância.

Este mês, a artista realizou a abertura da mostra “Tocar o Céu, Lamber a Cidade”, um trabalho produzido juntamente com Beatriz Paiva e o curador Mariano Klautau Filho, na Galeria Graça Landeira, localizada no Museu de Arte da Unama. Em entrevista ao Portal Jambu, a artista Melissa Barbery destacou a importância da sua arte para a Amazônia e detalhou um pouco mais sobre a exposição.

Melissa, como e quando surgiu a sua paixão pela arte?

Bom, segundo o meu pai que já faleceu, eu sou artista desde sempre. Eu sempre olhei as coisas de uma forma diferente. Engraçado, ele dizia que eu era uma alma velha num corpo jovem, que eu tinha várias “coisinhas” quando eu era mais nova, aliás, tenho até hoje e ele sempre me disse isso, que eu era uma artista, eu acho que acreditei nele.

Quais são as suas maiores influências artísticas?

Eu recebi muita influência dos artistas paraenses, dessa Amazônia paraense, da capital de Belém que eu tive contato. Há 20 anos atrás, havia muitos artistas atuantes, outra geração, eu tive contato com esses artistas, então, eu digo que eu tenho uma influência muito grande. Eu estou falando não só das artes visuais, das antigas artes plásticas, estou falando da literatura, de artistas como Vicente Cecim e artistas mais jovens também que estavam começando o seu trabalho. Então eu tive a oportunidade nesse tempo todo, desde quando eu escolhi fazer o curso de Artes Visuais, porque depois, mesmo ainda antes já fazendo trabalhos artísticos, eu resolvi fazer Geografia e depois eu resolvi estudar Artes Visuais e, desde então, eu só vivi e trabalhei com arte, com essa oportunidade que nem todos têm. Então, é isso, mas tenho influência, é claro, dos clássicos, fiz curso de Artes e fui conhecendo todos os artistas, também me interessei por pesquisar artistas contemporâneos, viajar, ver exposições. Mas acho que a minha grande influência são os artistas paraenses mesmo.

Pra você, qual a importância que a sua arte traz para a Amazônia?

Não só a arte, a minha presença como artista, a minha existência como artista, acredito que eu faça parte de uma geração, eu não quero falar só de mim, porque na verdade a arte… Porque digamos eu, eu faço um trabalho bem solitário, bem individual, sou eu quem faço o meu trabalho, eu não tenho um coletivo, outras pessoas trabalham bem com outras pessoas, eu no máximo uma ou duas pessoas próximas a mim, que nem sempre são ligadas a arte, participam comigo. Mas ainda que eu seja uma artista solitária, a arte se constrói no coletivo e eu acho que eu faço parte desse coletivo, de artistas que, de certa forma, produzem um trabalho contemporâneo que pode ter relações diretas com a Amazônia ou não, mas que me interessa bastante. Inclusive, “Lamber a Cidade” é um trabalho pensado a partir de um texto, que é o Manifesto Curau do Vicente Cecim, é um texto que fala da Amazônia. Então, acho que a importância é fazer parte de uma geração que tá preocupada com a Amazônia em si, que está de olho nisso, que pensa sobre isso. Fazer parte dessa geração e pensar trabalhos que tenham essa relação direta ou indireta, é viver esse lugar, viver esse lugar e traduzir esse lugar em arte.

Comente um pouco sobre a sua relação com a Universidade da Amazônia?

Aí eu vou te contar uma história de amor, né? Eu estudei, fiz faculdade na Unama, depois disso eu fiz alguns trabalhos até pra Unama, durante o período que eu fui aluna, eu fui monitora, eu fui chefe de turma. Bom, participei muito academicamente, então, para mim, já foi muito especial. Depois que eu saí da Unama, eu fui fazer outros trabalhos, mas sempre mantive relação, eu criei um network, uma relação muito bacana com os meus professores, então sempre mantive uma relação com a instituição e com os professores que estavam lá, participando de exposições, participando de publicações, enfim, de outras coisas dentro desse circuito da arte. Depois eu fiz mestrado, passei a dar aula e depois do mestrado eu fui ser professora e coordenadora do curso de Artes da Unama, o que é muito interessante, né? Então passei por várias fases na Unama, fui aluna, fui professora, fui coordenadora, mas sempre uma colaboradora. Hoje, eu também faço parte do conselho curador do Museu de Arte da Unama e participo como sociedade civil e como artista, eu já participei de outras exposições. Faço parte da equipe original que criou a Mostra de Artes Visuais dos alunos, que é promovida há 20 anos, eu sou parte da equipe que criou a primeira, que deu início a isso. Enfim, então a minha relação com a Unama é uma relação de amor, uma história muito bonita e que a gente sempre se acolhe quando é necessário, sempre que a Unama me chama para alguma coisa, eu participo, e sempre que eu solicito também.

Qual o significado central e o objetivo da exposição “Tocar o Céu, Lamber a Cidade”?

Foi através do curador Mariano Klautau Filho, ele visualizou uma conexão entre o meu trabalho e o da Beatriz Paiva, e a partir disso, ele foi costurando. Ele viu uma possibilidade de relação por conta das narrativas que a gente tinha, algumas narrativas relacionadas ao afeto, apesar da gente também ter um trabalho que vai buscar alguma coisa social, que vai falar de temas sociais e ainda que a gente tenha idade díspares, algo bastante distante e técnicas artísticas distantes, a conversa entre nós foi muito possível nesse olhar do Mariano Klautau Filho, que é o professor curador e o que deu uma visualidade e uma narrativa muito importante na exposição. 

De onde veio a inspiração para a realização da mostra? E como surgiu a parceria entre você e a Beatriz Paiva?

Então, tudo isso veio do Mariano Klautau Filho, que é um fotógrafo, artista, curador, professor da Unama que, pensando, pesquisando, olhou o meu trabalho, olhou o da Beatriz e pensou “opa! Acho que eu consigo costurar aqui uma narrativa e com isso eu consigo construir uma exposição”, e dessa forma surgiu. Eu e a Beatriz, a gente já se conhecia, eu fui coordenadora, fui professora dela e eu conheci o trabalho dela, ela conheceu o meu, e o Mariano foi esse conector que foi costurando essa relação que deu um trabalho muito bonito.

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