
Por Kelvyn Gomes/Imagem: divulgação
Aos 29 anos, a maquiadora e influenciadora digital Jaqueline Carvalho,nascida em Muaná, tem se destacado nas redes sociais e em eventos de moda por unir sustentabilidade e identidade cultural em seus figurinos. Suas roupas, feitas com fibras naturais da Amazônia, não apenas chamam atenção pela estética, mas contam histórias de ancestralidade e respeito à floresta. Entre rios, campos e florestas, Jaqueline Carvalho constroi uma nova narrativa sobre moda, beleza e pertencimento a partir do Marajó. O Portal Jambu foi conhecer a Jaqueline e o movimento que ela tem feito pela valorização da cultura marajoara.
Criada às margens do Rio Piramujarú, em uma comunidade ribeirinha próxima à área urbana de Muaná, Jaqueline passou a infância em contato direto com a natureza. Hoje, mãe de dois filhos, ela resgata esse vínculo em sua produção de conteúdo digital. Seus vídeos e fotos, muitas vezes gravados às margens dos rios da ilha, valorizam a beleza local, os saberes populares e a sustentabilidade como modo de vida. “O Marajó me conecta com algo inexplicável, uma força, uma sabedoria que tenho certeza ser ancestral. O Marajó sempre será o centro dos meus conteúdos por aqui”, conta Jacqueline.
Essa escolha estética se reflete também nas roupas que usa. Em parceria com o estilista também muanense Alê Ferreiro, conhecido por vestir a cantora Anitta em um clipe gravado na Vila da Barca, em Belém, Jaqueline tem apostado em looks feitos com palha, chita e fibras como o curauá. Durante o “Arraiá da Sintra”, evento promovido pela influenciadora Thays Sintra, ela surgiu com um corset e saia compostos por tecido de chita e detalhes da aba de chapéus de palha. “Quando fui convidada para o Arraiá da Thays, pensei em usar um figurino que representasse o meu lugar, o Marajó. Lembrei do chapéu de palha e falei com o Alê. Ele disse que era possível e que ficaria incrível”, conta.
Em outra ocasião, Jaqueline participou de um evento de beleza realizado por uma marca internacional em Belém e surpreendeu o público com um blazer confeccionado em palha da costa, fibra tradicionalmente usada na produção de esteiras, combinada a acessórios e corset feitos com fibra de curauá. “Todo mundo achava que era tecido, mas era fibra amazônica. A ideia é criar sem destruir. É moda marajoara, moda sustentável.”Jaqueline faz questão de explicar que as fibras usadas em suas roupas vêm de árvores vivas e não exigem o desmatamento. “A fibra está em uma árvore viva, na mata. Não é preciso derrubá-la para colher a fibra, porque ela continua crescendo. A floresta agradece”.
Para além das passarelas e postagens, o trabalho da influenciadora é guiado pelo desejo de construir um futuro mais sustentável para seus filhos. Ao se aproximar da natureza, ela também busca reconectar-se com a infância vivida no Marajó profundo. “Neste mês faço 30 anos, e meus planos são ter mais qualidade de vida e proporcionar isso também para os meus filhos, inclusive vivendo mais com eles na beira do rio, na casa dos meus pais, onde morei até os 15 anos. Mas também quero desbravar esse Marajó de rios e campos, e mostrar para o Brasil que, para mim, o Marajó é, sim, o melhor lugar para se viver!”