Da Felipe Vilhena | Foto: Miguel Chikaoka
Agosto é o mês em que a Associação FotoAtiva comemora 40 anos de existência. Para celebrar a data, a instituição tem preparado diversas atividades ao longo do ano de 2024. Uma dessas atividades é a exposição “FotoAtiva 40 anos – teia, fluxos e resistência”. A primeira edição aconteceu no dia 13 de abril, no Sesc Ver-o-Peso, e, a partir desta quinta-feira (08), iniciou a segunda edição da exposição, na Galeria Graça Landeira, na Unama da Alcindo Cacela.
Fruto de uma construção coletiva, a Foto Oficina, como era conhecida à época, tinha à frente o fotógrafo Miguel Chikaoka. Nascido em São Paulo, Miguel se mudou para o Pará em meados dos anos 80, com objetivo de conhecer mais sobre a vastidão do Brasil, mais especificamente da região amazônica, e aprofundar seus conhecimentos fotográficos. Nesse período, entre 81 e 82, foi convidado pela primeira vez para ministrar uma oficina na Escola de Arte Agir chamada de Foto Oficina. Após essa atividade, Miguel e alguns alunos resolveram continuar paralelamente com os encontros e discussões sobre fotografia para compartilhar seus conhecimentos na área e admiração pela prática fotográfica, surgindo assim o embrião do que viria a ser a FotoAtiva.
Esses encontros, por sua vez, resultaram em diversas ações como a mostra “Fotopará – Mostra Paraense de Fotografia”, realizada de 1982 a 1984. A mostra tinha como objetivo provocar discussões e aumentar o interesse sobre o fazer fotográfico. Para isso, várias atividades foram realizadas, desde exposições e momentos de discussão com o público. Essas atividades foram importantes porque geraram outro grupo importante para a cena artística da época chamado Fotopará, formada por participantes da mostra. Até então, o FotoAtiva como uma associação formal não existia pela falta de um membro que se comprometesse a redigir os documentos necessários para formalizar o grupo, processo que só foi realizado em 2000, marcando o início da Associação FotoAtiva como é conhecida hoje.
De acordo com Maria Christina, uma das curadoras da exposição, a relação que a associação construiu com a cidade e o entorno do local onde ela se encontra fala por si só. São anos de troca, conhecimento e crescimento coletivo, argamassa sobre a qual a FotoAtiva pavimenta sua trajetória. Desde sua origem, a associação nunca teve o objetivo de reunir apenas profissionais da área ou ensaiar quem tivesse a pretensão de viver da fotografia, mas sim em popularizar o fazer fotográfico em Belém e promover um espaço que permitisse a experimentação. É o que nos revela Irene Almeida, presidente da FotoAtiva, que, desde a sua entrada no grupo no início dos anos 2000, sempre enxergou as atividades realizadas como uma espécie de escola onde toda e qualquer pessoa, independente do seu conhecimento na área, possa testar sua curiosidade através das mais diferentes linguagens da 8ª arte.
Foram as inúmeras histórias e contribuições para fotografia no Pará que impulsionaram a realização da exposição “FotoAtiva 40 anos – teia, fluxos e resistência”, com curadoria dos fotógrafos Orlando Maneschy e Maria Christina e assistência de Lucas Negrão. Após a passagem pelo Sesc Ver-o-Peso, a mostra chegou à Unama na última quinta-feira e encerrará no dia 6 de setembro. A programação faz parte do calendário de comemorações, que se estenderá até 2025, com mostras, palestras e oficinas, culminando com uma programação especial na COP30, na sede da associação, o Casarão FotoAtiva.
Sobre a exposição
Apresenta cerca de 30 imagens de fotógrafos que tiveram suas vidas atravessadas pela associação, muitos sendo participantes das oficinas feitas por Miguel Chikaoka, e terá visitas guiadas, oficinas e mesas redondas que serão divulgadas nas redes sociais. Alguns dos artistas que participaram da exposição foram: Luiz Braga, Maria Christina, Mariano Klautau Filho, Michel Pinho, Miguel Chikaoka, Orlando Maneschy, Patrick Pardini, Paula Sampaio, Paulo Santos, Suely Nascimento e Walda Marques.
Outra atividade realizada durante a exposição é a homenagem às figuras que compõem a exposição com a série documental “Olhares do Norte”, projeto criado por Ismael Machado que traz treze episódios com olhares que ampliaram a visibilidade nacional e internacional da fotografia contemporânea do Pará. As obras e vidas de fotógrafos influentes da cena são compartilhadas, assim como suas experiências e processos de criação por trás das fotos. A produção foi feita pela Marahu Filmes, com direção geral da série de Fernando Segtowick e dirigidos por Thiago Pelaes, Adrianna Oliveira e Matheus Almeida.
Até o momento, foram exibidos 4 episódios sobre Miguel Chikaoka, Eduardo Kalif, Dirceu Maués e Walda Marques, mas há ainda três dias marcados para exibição dos episódios restantes. O destaque fica para o próximo encontro, realizado na sede da FotoAtiva no dia 14, às 19h, data que marca o aniversário da Associação, e que apresenta ao público os olhares de Paula Sampaio, Cláudia Leão e Elza Lima.
Segundo Miguel Chicaoka, mesmo afastado da gestão desde 2016, observa as muitas atividades feitas pela FotoAtiva como a concretização da ideia pregada desde a origem do grupo de criar um ambiente onde o coletivo prevaleça. “É muito bom saber que você é um ser dispensável. O fato deu não estar mais presente nesse coletivo a não ser pelo afeto, mas não cuidando do dia-a-dia e tal, pra mim é um grande prêmio”, compartilha Miguel.