Da Redação | Foto: Alex Ribeiro
Com apoio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), inicia amanhã, dia 31, a 30ª edição do Festival das Tribos Indígenas de Juruti, evento realizado pelas tribos Munduruku e Muirapinima, no Tribódromo de Juruti. A celebração se estende até o dia 3 de agosto e retrata a rivalidade histórica de ambos os povos através de apresentações artísticas.
A festa, patrimônio cultural do município do Pará, surgiu em 1995 e desde então é realizada na última semana de julho ou na primeira de agosto, como celebração à cultura tradicional por meio de rituais, músicas, alegorias e danças. Na competição, os Muirapinimas utilizam as cores vermelho e azul como símbolo, enquanto os Mundurukus usam o vermelho e amarelo. Os temas das apresentações serão “Wiyae: O Canto de Resistência Pindorama” e “Amazônia indígena”, respectivamente.
Mesmo com 29 anos de existência, a criação do “Festribal” remonta às origens dos Muirapinimas e sua rivalidade com a tribo Munduruku. A história conta que um curumim nasceu na aldeia Munduruku, mas com traços diferentes do restante do povo: pele clara e cabelos avermelhados. A família do menino rebelou-se contra o cacique e buscou refúgio às margens do lago Juruti-Velho. No local, havia um bosque com muirapinimas, árvores de madeira de lei utilizadas para fabricar móveis. Como forma de homenagear a planta, o povo aderiu seu nome e se tornou inimigo do grupo ao qual pertencia anteriormente.
Com uma forte carga simbólica, o Festival das Tribos Indígenas de Juruti também é um espaço de manifestação política dos povos indígenas, que, ao longo dos anos, passou a discutir sobre os rumos do planeta, principalmente a respeito da crise climática. De acordo com Edvander Batista, historiador e um dos fundadores do movimento da tribo Munduruku no Festribal, com a chegada da COP 30, a festividade em Juruti serve como um mensageiro de uma nova proposta de vida mais sustentável e que preze pela biodiversidade amazônica.
Daniel Costa, membro da Comissão de Artes da Tribo Muirapinima, também reforça a importância do evento em amplificar as pautas indígenas na luta pela preservação da Amazônia. “Para nós, o Festribal é um momento onde trazemos para a arena do tribódromo importantes pautas da luta indígena, reforçando a importância da unidade em defesa das populações tradicionais, que através da COP 30, podem ganhar destaque e incentivos para a defesa dos territórios”, conclui Daniel.