
Por Kelvyn Gomes/Imagem: EBC
Entre os dias 5 e 8 de junho, o Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém, recebe a cultura do cacau e a força dos pequenos produtores amazônidas, com a realização da Feira do Cacau e Chocolate Amazônia. O evento tem como foco o modelo sustentável de produção desenvolvido no estado e o papel estratégico da agricultura familiar na transformação da economia local.
Com entrada gratuita, a feira reunirá mais de 32 mil produtores de cacau da região, muitos deles vindos de comunidades rurais, ribeirinhas e assentamentos da reforma agrária. A cadeia cacaueira paraense é construída, em grande parte, pelo trabalho desses agricultores, que plantam e colhem o cacau em sistemas agroflorestais, uma forma de cultivo que mantém a floresta viva e garante renda digna no campo. “O cacau é mais que um produto: é cultura, é território, é resistência. É o que mantém famílias vivendo na terra com dignidade, sem precisar abrir mão da floresta”, afirma Maria Goreti Gomes, presidente da Câmara Setorial do Cacau.
Cultura, chocolate e saberes compartilhados
No Pará, o cacau cresce entre árvores nativas, em quintais produtivos e áreas de floresta manejada. Esse modelo respeita os ciclos da natureza e valoriza os saberes tradicionais das comunidades, muitos deles transmitidos entre gerações. Além de conservar a biodiversidade, o sistema agroflorestal ajuda a manter o solo fértil, preservar os rios e enfrentar os efeitos das mudanças climáticas.
A programação inclui painéis técnicos, oficinas e rodas de conversa, onde os produtores compartilham experiências sobre manejo agroecológico, acesso a mercados e certificações internacionais. O objetivo é fortalecer os laços entre quem produz, quem transforma e quem consome. Estarão presentes produtores de municípios tradicionais da cacauicultura, como Medicilândia, Tomé-Açu, Altamira e Brasil Novo. “A cacauicultura tem se tornado um programa estratégico do estado porque traz desenvolvimento sem destruir. A gente está falando de uma Amazônia viva, produtiva e com protagonismo dos pequenos”, destaca Carlos Xavier, presidente da Faepa/Senar.
Flores amazônicas e agricultura familiar em destaque
Paralelamente à feira do cacau, será realizada a Feira Flor Pará, dedicada à cadeia produtiva das flores nativas da Amazônia, como orquídeas, antúrios e helicônias – também cultivadas por agricultores familiares em diferentes regiões do estado. Só em 2022, a floricultura paraense movimentou mais de R$6 milhões, consolidando-se como uma atividade promissora dentro da bioeconomia.