Por Kelvyn Gomes/Foto: divulgação
Canecas, bijuterias, artigos de decoração, mas principalmente camisas com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, são ítens que ornam as vitrines de lojas e as barracas do comércio popular de Belém nessa época do ano. Fora do convencional, os produtos mais diferentes, que misturam cores vibrantes e frases com a regionalidade do Círio, são os que fazem mais sucesso entre paraenses e turistas.
Fomento a economia
Como a maior celebração religiosa do Brasil e uma das maiores do mundo, o Círio de Nazaré movimenta diferentes setores da sociedade a partir da fé. A vinda de turistas para as celebrações nazarenas e o consumo local movimentam a economia criativa da cidade. São canecas, bijuterias, home decor, mas principalmente camisetas com referências aos festejos em homenagem à padroeira da Amazônia.
Esse ano, o Dieese estima que 89 mil turistas devem desembarcar na capital paraense para participar do Círio, injetando cerca de R$189 milhões de reais na economia local, uma boa notícia para os produtores daqui. Um dos setores que está se preparando para receber esse ânimo financeiro é o da economia criativa, bastante forte em Belém.
Fugindo do tradicional estritamente religioso, os produtos mais procurados pelo público são aqueles que misturam a regionalidade do Círio com materiais, texturas e cores vibrantes, comenta a empresária Náshila Macedo, idealizadora do Espaço VEM que agora está de casa nova. Nai conta que a novidade da loja esse ano é que além dos produtos como moda e acessórios, os clientes vão poder comprar tucupi, jambu e maniva. “Os clientes vão poder comprar diretamente do produtor, da agricultura familiar, através do projeto Tipitix”.
Foto: rede social espaço VEM.
Desde 1989 a sessão paraense do Sebrae promove a feira do artesanato no mês de outubro, aproveitando a alta demanda de turistas na região. Segundo o Sebrae, a feira é uma forma de incentivar a cultura e promover o trabalho de artesãos paraenses. A instituição estima que esse ano a FAC, que deve acontecer entre os dias 10 e 16 de outubro no estacionamento do Parque Urbano Belém Porto Futuro, receba mais de 60 mil visitantes, gerando 1,5 milhão de reais em negócios.
Criatividade colaborativa
O processo criativo é a primeira fase da produção das coleções focadas cada vez mais no regionalismo, explica Caroline Silva do @atelie_cativa. A artesã conta também que a produção dos cadernos, cadernetas, planners, marcadores de páginas, organizadores semanais/mensais é feita em parceria com outros artistas. “Algumas coleções são realizadas por meio de collabs com artistas da nossa terra. Essa arte, então, é utilizada em nossos produtos, desde cadernos, planners, até marcadores de páginas”.
As coleções que são atualizadas bimestralmente sempre conectam novos artistas das mais diversas áreas, o que garante um público diversificado para os produtos. “São grafiteiros, tatuadores, ceramistas, etc”, conta a proprietária.
Foto: divulgação
Circulando fora dos grandes processos produtivos, ou da produção industrial, os ítens de papelaria do ateliê de Caroline tem produção artesanal e usa o papel como matéria-prima base. Atendendo aos preceitos da economia criativa, a proteção do meio ambiente e processos humanizados marcam o trabalho da artista. “Estamos cada vez mais priorizando o papel reciclado e de reflorestamento”, explica a artesã.
Caroline conta que a expectativa para o Círio deste ano está alta já que essa é a melhor época para a venda de seus produtos. “Esta é a melhor época porque os meus produtos são voltados muito pra turistas, eles são meu maior público”, contou. Além das vendas, ela espera que suas agendas alcancem e possam chegar a pessoas dos mais diversos lugares do país, com a divulgação de artistas paraenses e da nossa cultura.
Foto: divulgação
Criatividade com afeto
A empreendedora Carol Kaly, criadora de uma marca de acessórios originais inspirados em elementos da cultura amazônica, também tem dado foco especial ao Círio de Nazaré, “uma celebração que me toca profundamente tanto pelo seu valor religioso quanto pelo seu impacto cultural”, afirma a criadora.
Ela conta que a produção artesanal de seus produtos busca o cuidado com os detalhes. “Cada peça é pensada e confeccionada com uma mistura de técnicas manuais e materiais que remetem à cultura do Círio, como a chita e as fitas coloridas, os pingentes de miriti (que são produzidos por outro artesão parceiro e vem direto de Abaetetuba)”, explica a empreendedora.
Foto: divulgação
Um dos maiores atrativos dos produtos vendidos por artesãos é a originalidade e quase exclusividade das peças feitas sob medida. Carol explica que as peças da marca que leva seu nome são produzidas em pequenos lotes, “garantindo exclusividade, e originalidade em todas as etapas, desde o design até o acabamento”.
Além do apelo ao local e a exclusividade das peças, Kaly conta que gosta de dar um “toque especial” a cada coleção, inovando com peças diferentes do ano anterior. “Sempre me inspirando em diferentes aspectos do Círio. Pode ser algo ligado aos ícones religiosos, como a berlinda, ou à estética da festa, com suas cores e símbolos. O tema muda a cada ano, mas a essência do Círio está sempre presente em todas as coleções”.
Foto: divulgação
Nessa época do ano, com foco no círio, além das tradicionais camisas em homenagem à padroeira dos paraenses, artesãos e artistas locais têm investido em outros produtos, como é o caso dos acessórios da marca criada por Carol Kaly. “Os colares e pulseiras costumam ser os mais procurados, especialmente as peças que incorporam elementos como as fitas e as cores vibrantes do Círio. A pulseira Magnífica e o colar inspirado na berlinda têm sido muito populares por capturarem a essência da festa de uma forma alegre e singela”, conta a empreendedora.
Com a chegada de outubro e os preparativos para as comemorações nazarenas, artistas, produtores e empreendedores locais estão animados com as oportunidades de negócios e a produção segue eufórica para dar conta da demanda. “Já temos uma demanda crescente de pedidos, e participações em grandes eventos, além da venda on-line (@carolkaly_acessorios) temos ponto de venda na loja colaborativa Espaço VEM, e a expectativa é de um grande movimento tanto para as festividades quanto para o comércio”, afirmou Carol Kaly.
Eu amei o texto. Sem contar que fiquei conhecendo outros produtores