Por Rafael Arcanjo*
Com 32 obras inéditas feitas de materiais amazônicos como a bucha do miriti e outros, a exposição “Natureza, Arte e Sustentabilidade”, do escultor paraense Francelino Mesquita, está aberta à visitação até esta quinta-feira, 6 de julho. O horário de visitação é das 9h às 17h e a mostra está exposta no Espaço Cultural Banco da Amazônia, localizado na Av. Presidente Vargas, em Belém. A entrada é franca.
O propósito da exposição é estimular a sensibilidade e o imaginário do público através de matérias-primas tipicamente amazônicas, como a tala, bucha do miriti, cuia pitinga e raiz do mututi, elementos que fazem parte da pesquisa de Francelino como artista amazônida, cujo objetivo é destacar os patrimônios imateriais que a região amazônica possui fixados no imaginário popular. A mostra é patrocinada pelo Edital do Banco da Amazônia (BASA) para 2023.
O artista conta que as obras foram produzidas inteiramente com materiais da Amazônia, sem nenhuma aplicação de produtos industrializados, como verniz, tintas e outros. Ainda segundo ele, todos esses materiais que compõem as esculturas se conectam à Região Amazônica, principalmente ao artesanato paraense, como o miriti, que remete à produção dos brinquedos, característica de Abaetetuba; as cuias pintadas, típicas de Santarém; as talas de jupati, peças estruturais das pipas e rabiolas, e a fauna amazônica como o tatu e o jacaré, feitos da raiz do mututi.
Para Francelino, este uso “apresenta ao público sua utilização com uma ressignificação para as artes visuais, através das esculturas contemporâneas onde as mesmas são peças únicas (inéditas), ao contrário do artesanato. Sendo que o público fará uma reflexão poética e contextual observando e contemplando cada obra.”. Nesse contexto, o escultor paraense ressignifica a utilização desses materiais da natureza, comumente conhecidos em artesanatos, e alerta sobre a conscientização da preservação do meio-ambiente e da sustentabilidade.
O eixo que norteia a exposição, segundo o autor, é trazer questionamentos sobre as questões que permeiam a região. “O público é posto em tensão com questões profundas e atuais, dos impactos humanos ao meio ambiente a partir da leveza material e sutileza estética dos materiais naturais ameaçados pelo antropoceno”, revela.
A exposição ainda conta com acessibilidade para Pessoas com Deficiência (PCDs) poderem prestigiar as obras expostas, o que também faz parte dos estudos de Francelino Mesquita. A mostra tem rampas de acesso com rampas de acesso para cadeirantes, audiodescrição e Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), além da possibilidade de tocar nas obras. Vinte faixas de tecido preto também estão disponíveis para visitantes com visão, para experienciar as esculturas pelo tato.
Sobre o Artista – Francelino Moraes Mesquita é um artista paraense com carreira que soma mais de 20 anos. Formado em Técnico em Edificações pela antiga ETFPA (atual IFPA), teve a primeira experiência com exposição em 1999 por meio do projeto “Cobra Criada”, da então Fundação Curro Velho, na qual venceu na categoria Linguagem Plástica. Desde então, Francelino formou-se também em Técnico em Cenografia na Escola de Teatro e Dança da UFPA (ETDUFPA). Sua produção artística é voltada a escultura e estruturas que evocam sentidos e significados amazônicos, característica fundamental em sua trajetória, e que lhe trouxe inúmeros prêmios e seleções em editais artísticos como o Pesquisa, Experimentação e Criação Artística em 2008 do antigo Instituto de Artes do Pará (IAP), a partir de pesquisa do uso dos materiais do miritizeiro.
SERVIÇO:
Exposição ‘Natureza, Arte e Sustentabilidade’ por Francelino Mesquita.
Período e horário de visitação: 25 de maio até dia 06 de julho, de 9h às 17h. Entrada gratuita.
Local: Espaço Cultural Banco da Amazônia, Avenida Presidente Vargas nº 800, Bairro da Campina em Belém (PA).
Classificação indicativa: Livre e acessível para todos os públicos.
O Portal Jambu é um espaço de jornalismo experimental com matérias produzidas por estudantes de graduação da Faculdade de Comunicação da UFPA sob a coordenação da Profa. Dra. Regina Lima e do jornalista Marcos Melo.
Fotos: Leila Prado
* Sob supervisão da jornalista Giullia Moreira