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Por Kelvyn Gomes/Imagem: Miguel Chikaoka

Hoje, quarta-feira, 11 de junho, às 20h, o palco do Theatro da Paz será tomado por um encontro entre sons, imagens, poesia e história. O concerto “Uma Noite com Tó” marca os 132 anos de nascimento do violonista e compositor paraense Tó Teixeira, transformando a data em uma celebração de sua obra. Com direção musical de Salomão Habib, responsável também por anos de pesquisa sobre o legado do artista, o espetáculo é um reencontro com um mestre da música amazônica, cuja trajetória se entrelaça com a própria memória cultural de Belém.

O concerto combina um repertório de choros, valsas, ladainhas, carimbós e gêneros populares que revelam a inventividade de Tó. Acompanhado pela Orquestra Tó Teixeira de Choro, composta por 13 músicos, Habib guia o público por uma viagem musical afetiva, com arranjos que dão vida nova a composições como “Mais Uma Lembrança”, “Triste? Nunca!”, “Vamos Tomar Café” e “Cordão dos Pretinhos”. “Essa é uma noite que não apenas interpreta a obra de Tó, mas a revive com tudo que ela tem de sensorial. A música dele carrega o cotidiano, o afeto, o espiritual e o popular com uma naturalidade comovente”, destaca Habib.

O músico, que ao longo de décadas reuniu partituras e relatos sobre o artista, afirma que o espetáculo é um gesto de continuidade. O espetáculo não se limita à música. Intervenções poéticas do multiartista Pelé do Manifesto conduzem o público por cenas dramatizadas, evocando a poética e o sincretismo presentes nas obras de Tó. Um exemplo é a performance construída a partir da ladainha “Jesus Nosso Pastor”, que mistura elementos religiosos com referências da cultura afroamazônica. A participação do percussionista Kleber Benigno, do Trio Manari, e do saxofonista Marcos Cardoso reforça a riqueza tímbrica da noite.  “É uma forma de passar adiante um saber que não está só nas notas, mas na escuta e no viver amazônico”.

A direção visual do espetáculo, assinada por Nando Lima, integra projeções de imagens de arquivo, filmes antigos e criações contemporâneas, recriando a Belém que foi cenário da vida de Tó. “A gente quis costurar o tempo com a memória. Mostrar que a cidade de Tó ainda está aqui, mesmo que transformada. Ele é parte da paisagem sonora de Belém”, explica o diretor.

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