Da Redação | Foto: Divulgação
Resultado das pesquisas e experimentações da artista Maria José Batista, a exposição “Faces da Amazônia” traz máscaras africanas feitas com folhas secas e outras obras que conversam com o contexto amazônico. Até a próxima quarta-feira (3 de abril), os visitantes poderão prestigiar o trabalho de Maria José “Na Casa do Artista”, localizada no bairro do Cruzeiro, em Icoaraci. A entrada é franca, mas requer agendamento prévio.
As peças expostas são inspiradas em máscaras africanas, que assim como o trabalho de Maria José, expressam situações cotidianas. Além dessas obras, que retratam as etnias que participaram da formação dos amazônidas, outras séries integram o material expositivo do evento. São peças que remetem à floresta e aos rios que rodeiam Belém e região, celebrando essa natureza próxima. Inicialmente, a proposta era construir uma instalação, mas com o tempo, outras obras foram surgindo e formaram uma exposição vibrante e colorida.
“Quando uni as folhas, se criou como cabeças. Vi a possibilidade de pintar máscaras, fui pesquisar a respeito de máscaras, por exemplo, máscaras indianas, venezianas e mexicanas, porém me identifiquei com as máscaras africanas, por serem coloridas, pois o meu trabalho é colorido. E também pra falar da ancestralidade dos negros africanos que foram trazidos pra Amazônia”, conta Maria José.
O estalo que levou Maria a pensar sobre as máscaras de folhas aconteceu quando a artista visitou a cidade de São Paulo pela primeira vez. Entre flores e plantas, ela estava sob um caramanchão. Maria foi à capital paulista em 2022 para expor os seus trabalhos no Instituto Tomie Ohtake e acabou conhecendo alguns parques paulistanos. Emocionada pela preservação do verde em meio à selva de pedra que é a maior metrópole brasileira, ela lembrou de sua infância e do quintal de suas avós, onde havia muitas flores, uma memória forte até hoje.
Ao retornar para Belém, marcada por este contato com Sampa, ela passou a olhar com mais atenção para o intenso verde que há no bairro onde mora e acabou por notar as folhas caídas de uma castanheira, seus tamanhos e texturas. Resolvida por experimentar trabalhar nas folhagens, Maria se inscreveu no edital de experimentação e pesquisa em arte da Fundação Cultural do Pará (FCP) em 2023, e passou a pesquisar e testar esse novo material, aplicando massas e colas até impermeabilizar as folhas e poder pintá-las sem que perdessem suas características naturais.
O curador do projeto e expógrafo da mostra, o artista Werne Oliveira, diz que é perceptível como Maria José mantém a identidade que a fez conhecida nas artes visuais. “Essa característica é reforçada e aprofundada por novos elementos e novos suportes, como os estandartes e obras apresentadas em forma de móbile”, afirma.
Sobre a artista:
Maria José Batista foi uma das 10 mulheres ganhadoras do Prêmio Arte Tomie Ohtake 2022 (SP) entre aproximadamente duas mil candidatas inscritas. Ela é paraense, de Belém, filha do pintor Espandeal Batista, e começou a atuar no campo artístico em 1997, depois de fazer oficinas no Curro Velho com Mestre Nato (1952-2014).
Vem participando de exposições e projetos culturais dentro e fora do estado, além de ministrar cursos de pintura e desenho. Sua pesquisa se concentra, prioritariamente, em aspectos do cotidiano, e sua obra se expressa com a pintura naïf, esculturas e objetos.
Foi premiada no Salão Arte Pará (2005), foi artista convidada pela Bienal Naïf de Piracicaba (SP, 2006), e ganhadora do Prêmio Artes Visuais do Banco da Amazônia (PA, 2020). Obteve os prêmios de Reconhecimento em Artes Visuais em editais das leis Aldir Blanc PA (2020) e Paulo Gustavo (2023). Seu projeto “A força da face amazônica” foi selecionado no edital FCP de pesquisa e experimentação em 2023.
Serviço:
Exposição “Faces da Amazônia” de Maria José Batista
Data: Até quarta-feira, dia 3 de abril.
Local: Na Casa do Artista, Rua Padre Júlio Maria, 163 – bairro do Cruzeiro, Icoaraci.
Entrada: Franca, mediante agendamento pelos números (91) 98209-9392 e (91) 98891-3224.