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Por Victoria Rodrigues/Foto por Vitória Ferreira

Com os olhos voltados à liberdade de terra e às condições climáticas enraizadas nas práticas culturais do país, ocorreu na tarde desta sexta-feira, dia 20 de setembro, o primeiro dia de programação aberta ao público do “Fórum Arte pela Justiça Climática”, no Curro Velho. O evento é realizado pela Prince Claus Fund em parceria com a Open Society Foundations, e contou com a apresentação de performances artísticas, roda de conversa, oficinas e exibições de filmes.

A tarde de programação iniciou com a performance “Ao Buscar Minhas Raízes, Sinto-me Arrancado” da artista indiana Lapdiang Syem (Índia), que se baseou em 3 poemas escritos por Esther Syiem, mãe da artista, como reinterpretações de narrativas orais Khasi que questionam as mudanças que afetaram a sua comunidade e território local. A performance artística abordou o debate sobre a mineração de carvão e o extrativismo que afetam o estado de Meghalaya, na Índia.

Após a apresentação, o evento deu abertura à roda de conversa “O Direito à Terra, Pessoas e Pertencimento: da Amazônia à Palestina”, que contou com a mediação de Ixchel Tonãntzin (Equador) e a participação de Jane Cabral (Brasil), Tareq Khalaf (Palestina), Zayaan Khan (África do Sul) e Fredy Papilo Gualinga (Equador). O momento induziu o público a uma reflexão sobre as realidades presentes no deslocamento e nas noções de terra e território no Brasil e na Palestina.

“A luta pela terra é uma necessidade da vida, o que nós vimos hoje no Brasil com o avanço dos grandes projetos e do agronegócio, a gente diz que se não existir o contraponto que é a luta pela terra, que é a gente poder coletivamente libertar, e libertando a terra também se libertar, nós estamos todos condenados. Não vai existir maneira da gente reinventar o futuro se a gente não lutar pela terra hoje” pontua a brasileira Jane Cabral, que trabalha na área de medicinas da terra.

Ao longo da roda de conversa, a mediadora equatoriana Ixchel Tonãnzin também questionou aos participantes da roda e aos presentes no encontro acerca do que significa para a terra ser livre. “A liberdade tem tantas camadas, existe liberdade política, cultural, tantas liberdades que nós devemos sempre lutar. Pra mim, liberdade não é destino, é uma maneira de viver”, definiu Tareq Khalaf da Palestina.

Além da apresentação artística e da roda de conversa, o evento ainda contou com oficinas e exibição de produções cinematográficas simultâneas. Entre os filmes exibidos durante o primeiro dia do evento, estão: “O Que Pode Vir Acontecer” de Marianne Fahmy (Egito) com conversa mediada por Benji Boyadgian (Palestina); “Carimbó Raiz da Vida” com apresentação da diretora Priscila Cobra (Brasil); “DESERT PHOSfate” com apresentação do diretor Mohamed Sleiman Labat (Argélia) e “Como se o Mundo Não Tivesse Oeste” e “Caminho para as Estrelas” com conversa da diretora Monica de Miranda (Portugal/Angola), mediada por Joyce Cursino (Brasil).

A produtora cultural e ativista climática, Marcele Oliveira, que prestigiou o evento comenta que a programação é uma grande oportunidade de articulação de ideias na capital paraense para a Conferência das Nações Unidas, em 2025. “Eu acredito que a COP é um espaço estratégico, mas só faz sentido se a gente for com estratégia. Não é um espaço que vai caber todo mundo, nem nas cadeiras, nem nas discussões, porém se a gente conseguir ir construindo planos daqui até lá para pensar sobre a interlocução, a identidade afro-indígena e os aspectos da Colonização do Brasil, a gente consegue balizar um discurso com os nossos próprios negociadores e também poder fazer com que outros negociadores se encantem com a possibilidade que nós temos de multipreservação, porque é um país megabiodiverso e no campo da cultura a gente tem uma oportunidade que agora é real”, finaliza Oiveira.

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