Da Redação | Foto: Reprodução Curta Monteiro Lopes
Lançado em 2022, o romance paraense “Monteiro Lopes” tem exibição marcada na 2ª Mostra Amazônia Mutitelas, no Memorial dos Povos, em Belém. O curta-metragem apresenta um romance “proibido” entre duas jovens LGBTI+ separadas pela rivalidade familiar, mas que foram unidas pelo amor. A mostra faz parte do Festival Jambu Live 2023 e está agendada para o dia 23 de setembro, às 18h, com entrada gratuita.
Bianca D’Aquino estreia como diretora em “Monteiro Lopes”, mas possui envolvimento com diversos trabalhos conhecidos. Formada em Publicidade e Propaganda pela UFPA, atuou como assistente de produção da série “Condor”, em 2021, foi a primeira assistente de direção de “Olhares do Norte” e ocupou o cargo de produtora de elenco em “Amazônia Oculta”, em 2019. Desde criança teve interesse no audiovisual, indo a exibições menores e participando de rodas de conversa sobre cinema, mas através deste curta pôde, além da direção, demonstrar suas habilidades como escritora.
O enredo acompanha Mariana Lopes e Júlia Monteiro, descendentes de donos de padarias concorrentes. Enquanto Júlia foi criada com liberdade e incentivada a descobrir seus gostos culinários, Mariana teve um pai conservador e rígido que podava sua individualidade. Em determinado momento elas se apaixonam, mas Mariana não lida muito bem com a própria sexualidade e vai embora de Belém. Anos mais tarde, as garotas se reencontram e precisam acertar as contas com o passado.
Bianca assume ter escrito o primeiro roteiro em 2017, após ler uma matéria sobre culinária na revista Leal Moreira, para um edital que estava aberto na época. Uma das origens do biscoito paraense conta sobre duas padarias rivais no mercado do Ver-o-Peso, uma dos Monteiros e outra dos Lopes, mas depois de muitos anos os descendentes dessas famílias se apaixonam e unem os dois estabelecimentos para criar o monteiro lopes. “Eu quis brincar com essa ideia de padarias rivais e um romance proibido, só que a questão agora para além da raça é principalmente a questão LGBTI+. Acho que o principal conflito das personagens é sobre se assumir, da aceitação dos pais, sociedade”, explica Bianca D’Aquino.
A diretora comenta sobre sua preocupação em entregar um trabalho que se comunicasse com o público LGBTI+, para contar a história dessas pessoas e fazer com que elas possam assistir ao curta e se ver nele. “A realização de um filme regional com protagonistas femininas e dirigido por uma mulher da população LGBTI+ contribui para a visibilidade destas questões dentro da sociedade, e também no fortalecimento de nossa cultura dentro e fora do Estado, podendo no futuro servir como referência para outros realizadores”, pontua a diretora Bianca D’Aquino.
Sobre a produção, Bianca diz que mesmo com o dinheiro ganho no edital, teve que retirar do próprio bolso para que algumas etapas pudessem ser finalizadas, como a pós produção. Mas defende que, mesmo com as dificuldades, “fazer cinema no Norte do país é fortalecer o Norte, como território capaz de realizar e dominar sua própria narrativa, e também reforçar a identidade e os profissionais locais – fato que julgo por si só como um ato de resistência e inquietação, necessários para o estabelecimento de uma produção audiovisual Amazônica consistente”.
Além de “Monteiro Lopes”, a 2ª Mostra Amazônia Multitelas traz mais quatro obras que apresentam as vivências e expressões da Região Norte. Parte do Festival Jambu Live 2023, busca viabilizar produções audiovisuais que retratem a amazônias ou produzidas por amazônidas. A exibição de todas as obras é gratuita para incentivar as pessoas a conhecê-las.
2ª Mostra Amazônia Multitelas
Data: Quinta-feira, dia 23.
Horário: A partir das 18h.
Local: Memorial dos Povos, Avenida Governador José Malcher, 257, bairro de Nazaré, Belém.
Entrada Gratuita
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