Por Rafael Arcanjo | Foto: Ana Paula Gomes
Nesta segunda-feira (02), o curta-metragem “Mururé”, dirigido por Gabriela Luz, estreia de forma gratuita, no Cine Líbero Luxardo, às 18h. Gravada na Ilha do Combu, a produção é estrelada pela atriz Lírio do Pará, no papel da jovem não-binária Mururé, que enfrenta diversos desafios familiares, mas se encontra inesperadamente com a Amazônia. A obra de ficção aborda, ainda, aspectos culturais amazônicos, como o folclore e o imaginário popular.
Segundo Lírio do Pará, atriz não-binárie e quem dá vida a personagem principal, a trama do curta se desenvolve em torno das relações familiares da personagem Mururé. O principal conflito no núcleo familiar dela, composto pela mãe Rosa, pelo pai Antônio e pelos irmãos Maria e Honorato, dá-se pela presença e pela “não-presença” do patriarca, devido aos preconceitos e sua atitude às vezes violenta.A atriz adianta que as situações abordadas pela produção são comuns às pessoas não-binárias de outras partes do Brasil, pois o curta aborda uma jovem durante seu processo de autodescoberta e de seu entendimento com relação ao seu próprio gênero, ainda que o filme tenha um recorte específico, expresso a partir da percepção de Mururé e do local onde a personagem vive.
Gabriela Luz, responsável pela direção, conta que o filme tem uma importância grande para ela, por ser uma produção que resgata a ancestralidade amazônica incluindo as pessoas trans no processo. “Mururé é muito importante para mim, acho que para outras pessoas trans também, porque está num lugar de restituição, de retomada, de memória, de uma ancestralidade, de um pertencimento com esse território e com esse imaginário também. Trazemos o nosso ponto de vista sobre essa história que pra muitos é uma lenda urbana, mas que pra nós é uma encantaria, a boiúna. E o nosso ponto de vista sobre isso, pra lembrar que a natureza também é nossa ancestral” diz Gabriela Luz.
Lírio do Pará afirma que a equipe do filme está ansiosa para a estreia e espera o público LGBTQIAP+ de Belém, principalmente a comunidade transgênero, na sessão de estreia desta segunda-feira. “A expectativa para o lançamento é altíssima. A gente está muito feliz e muito ansiosa com esse lançamento, e esperamos trazer esse público LGBTQIAP+ do Pará, essas pessoas que têm interesse em cinema. E principalmente queremos a presença de pessoas trans da cidade para assistir o filme, pois vamos discutir nas palestras a presença delas no audiovisual paraense e criar essa narrativa, esse diálogo sobre todos os apontamentos que o filme propõe”, finaliza.