Da Redação | Foto: Railson Wallace
Com o intuito de apresentar e valorizar a cultura amazônica, foi lançado neste mês de dezembro, o curta-metragem “Matinta Perera”, produzido pelo Coletivo audiovisual Anima Lendas, de Igarapé-Miri. A produção cinematográfica é baseada em diversas entrevistas realizadas com os próprios moradores do município e retrata uma das narrativas mais populares e assustadoras da Região Amazônica: a lenda da “Matinta Perera”.
A obra audiovisual conta a história da família do personagem Francisco que, em uma noite sombria, é perseguido e atacado por uma criatura misteriosa na floresta. Logo após o incidente, o jovem é encontrado desacordado no local e, a partir daí, o pequeno vilarejo começa a testemunhar diversos outros ataques que deixam os moradores da vila aterrorizados. Ao longo da trama, a Matinta começa a ser descrita como uma senhora idosa, vestida de preto, e que amaldiçoa os moradores da vila.
As cenas foram gravadas, em sua grande maioria, em bairros periféricos de Igarapé-Miri, que guardam características ribeirinhas da década de 60, cenário em que se passa a história. A trilha sonora da dramaturgia contou com as músicas: “A Matinta”, do Mestre Gelffson Lobo, interpretada por Manoel Taylor com os arranjos de Walber Pinheiro, que foi composta exclusivamente para o filme. E “Juro que Vi”, cedida pelos músicos Helbert Braz e Allan Carvalho, especialmente para a produção cinematográfica.
O diretor e roteirista do curta-metragem, Railson Wallace, explica sobre o propósito do Coletivo Anima Lendas. “O objetivo inicial do projeto era fazer com que os jovens se interessassem pelas lendas daqui de Igarapé-Miri, porque aquela tradição que tinha de se sentar perto das pessoas mais velhas, de ouvir o pai, a mãe ou os avós contarem histórias sobrenaturais, lendas daqui da nossa região, se acabou. E já que eles não têm interesse mais, a gente faz uma adaptação para transformar essas lendas em algo mais atrativo a fim de levar para essas crianças. A partir daí, depois que a gente entrevista, nós adaptamos tanto para as ilustrações, para postar no blog, para os curtas-metragens e para os documentários que a gente posta. Então, o projeto não se resume só no curta-metragem, ele tem um leque de ações que a gente desenvolve aqui em Igarapé-Miri”, explicou o roteirista.
Além de valorizar a cultura da região, o projeto também abre espaço para crianças e adolescentes atuarem nas produções audiovisuais. “Fazer parte do curta-metragem foi uma experiência muito boa pra mim. Gostei bastante, principalmente quando eu recebi o roteiro e vi que era sobre uma história que eu já tinha bastante conhecimento e que agora eu iria dar vida à personagem. Então, foi muito interessante fazer esse curta-metragem. Eu fiquei refletindo sobre a importância do conhecimento das lendas, principalmente para as novas gerações, até porque as lendas também fazem parte da cultura do Pará”, afirmou a atriz de 15 anos, Alane Lobato, sobre a oportunidade de dar vida à personagem Matinta Perera.
O curta-metragem “Matinta Perera” foi produzido por atores com idade entre 11 e 15 anos, pelo projeto do coletivo audiovisual Anima Lendas, em parceria com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Aristóteles Emiliano de Castro. A realização foi promovida pelo Governo do Pará, por meio da seleção no Edital Prêmio FCP de Incentivo à Arte e Cultura, que transformou o projeto em uma das maiores referências de pesquisa do folclore, no município de Igarapé-Miri.
Assista ao filme: