O coletivo “Sapato Preto – Lésbicas Negras Amazônidas” realiza, amanhã,13 de março, no Gueto Hub, o encontro “Racismos Ambientais e Caminhos Trilhados até a COP 30, com o objetivo de capacitar as mulheres negras LGBT’s das periferias de Belém e dos quilombos para enfrentar os desafios do racismo ambiental e suas interseccionalidades com gênero e raça.

Por Kelvyn Gomes/ Imagem: reprodução mídias sociais
De acordo com Jéssica Oliveira, administradora e coordenadora do Projeto, a iniciativa pretende criar um espaço de troca de experiências e construção de uma rede de apoio para a auto-organização de mulheres negras LGBT’s. O evento também tem um propósito estratégico de preparar lideranças para que suas demandas sejam apresentadas na 30ª Cúpula Mundial do Clima da ONU (COP30), que acontece em Belém em novembro de 2025. “Existe uma COP sendo organizada no nosso território e o objetivo é nos preparar para apresentar nossas demandas, assegurando que nossas vozes sejam ouvidas em plataformas nacionais e internacionais”, afirma a coordenadora. “O projeto visa não apenas empoderar essa comunidade, mas também promover uma resistência ativa contra as violações que enfrentam, ressaltando a importância de sua luta pela sobrevivência e dignidade em seus territórios”, completa.
Segundo Jéssica, o racismo ambiental é uma realidade que afeta comunidades marginalizadas, que não têm acesso igualitário aos benefícios de um ambiente saudável. “Muitas vezes, enfrentamos as perdas dos impactos ambientais devido à nossa localização, à pobreza ou à falta de poder político”, ressalta Jéssica. Ela destaca que essas populações estão mais expostas a riscos ambientais, como viver em áreas contaminadas ou lidar com os efeitos da crise climática sem o suporte necessário. “Isso se dá por uma série de fatores, como o encarceramento em massa da população negra. A partir da privatização da sua liberdade, essas pessoas perdem também qualquer direito de ressocialização por parte do Estado e da sociedade, tendo que viver em ambientes pouco construídos pelo poder público”. A iniciativa do coletivo Sapato Preto nasceu da ausência de plataformas oficiais que facilitem o acesso de mulheres negras LBT amazônidas à COP 30. Por isso, a ativista alerta. “Precisamos ocupar esse espaço com nossas pautas e garantir que nossas demandas sejam levadas a sério”, afirma Jéssica.
Para fortalecer essa caminhada, o projeto contou com o apoio do Gueto Hub, que se colocou como parceiro estratégico. “O Gueto Hub é um espaço que se disponibilizou inteiramente para somar com a gente nessa construção de resistência, entendendo a importância da rede de apoio entre os movimentos sociais”, destaca. Com essa articulação, as organizadoras esperam não apenas levar suas demandas à COP 30, mas também ampliar a mobilização local e fortalecer a luta das mulheres negras LBT da Amazônia por justiça ambiental e direitos. “Estamos construindo caminhos para que nossa voz não seja apenas ouvida, mas para que nossas reivindicações gerem mudanças concretas”, conclui Jéssica.