Por Rafael Arcanjo | Foto: Reprodução “O Carro dos Milagres”
O filme “Carro dos Milagres” (1991), dirigido e roteirizado por Moisés Magalhães, será exibido gratuitamente em sessão única no Sesc Ver-o-Peso, nesta terça-feira (10), às 19h. A produção foi digitalizada em 4K na Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro.
A iniciativa integra a Mostra “Memória do Cinema Paraense”, resultado do 1° Ciclo de Formação em Preservação Audiovisual, promovido pela Cinemateca Paraense, em setembro. Parte da equipe técnica do filme estará presente na sessão, para um bate-papo com o público.
O curta-metragem narra a saga de um promesseiro do Círio de Nazaré, inspirado pelo conto homônimo do escritor Benedicto Monteiro. A obra foi filmada e finalizada no formato 16mm e, agora, revitalizada digitalmente pelo LUPA – Laboratório de Preservação Audiovisual da UFF, traz uma melhor qualidade visual. Com cenas gravadas na procissão do Círio de Nazaré, o filme traz também uma oportunidade para os espectadores paraenses verem como aconteciam as procissões no final da década de 1980, quando foi gravado. Distante dos cinemas há quase 20 anos, o regresso de “Carro dos Milagres” às telonas é uma oportunidade de conhecer como era a filmografia da época.
De acordo com Ramiro Quaresma, Doutor em Cinema e um dos organizadores do Ciclo de Formação, no Pará, o período entre 1980 e 1990, quando “Carro dos Milagres” foi realizado, é marcado por uma baixa produção de filmes. “A filmografia do período é muito escassa, entre os anos 1980 e 1990 pouquíssimos filmes foram produzidos no Pará, “Ver-O-Peso” (1984) de Januário Guedes e “Fronteira Carajás” (1992) de Edna Castro eram uns dos poucos que existiam. O “Carro dos Milagres” (1991) ressurge para preencher uma lacuna, além de ser um filme sobre o Círio de Nazaré, com imagens raras da procissão no final dos anos 1980”, explica.
O pesquisador esclarece que, neste momento da história, haviam poucas iniciativas de financiamento para produções audiovisuais, e isso fazia os realizadores do filme buscarem por apoio de diversas formas. “Um momento histórico onde não haviam editais, o realizador buscava apoios e financiamentos visitando gabinetes, fazendo campanhas em jornais, implorando mesmo por recursos para todas as etapas do processo. Precisava de rolos para a captação da imagem que eram caros e escassos. Tendo que partir depois para o sudeste para a revelação do negativo e posterior montagem e sonorização. Uma verdadeira saga”, diz.
A digitalização e o restauro do filme só foi possível graças a recursos da Lei Paulo Gustavo, no Edital de Formação Audiovisual, e a Mostra “Memória do Cinema Paraense” tem realização da Cinemateca Paraense, da Fundação Cultural do Pará, da Secretaria de Estado de Cultura, do Governo do Pará, do Ministério da Cultura e do Governo Federal.