Por Giullia Moreira
Nesta semana, ocorre em Belém mais uma edição do LAB Negras Narrativas Amazônicas (LNNA), primeiro laboratório de roteiros voltado para cineastas negros amazônicos. Entre os dias 3 e 8 de abril, serão ofertadas aos cineastas consultorias especializadas sobre o mercado cinematográfico e oficinas sobre roteiro, direção, produção e documentários. Dois dos projetos que avançaram para a fase atual de mentorias são de paraenses, que foram escolhidos no processo de seleção entre 41 trabalhos inscritos, advindos dos diversos estados que compõem a Amazônia Legal.
Atendendo aos diferentes gêneros cinematográficos e formatos de duração, foram selecionados os projetos “A Onça-Celeste”, de Ataw Wallpa (São Luís, MA), na categoria Curta-Animação; “A Cura”, de Ane Oipasam (Manaus, AM), na categoria Narrativa Seriada-Ficção; “Mesa Pra Um”, de Amanda Drumont (São Luís, MA), na categoria Longa-Ficção; “O Vento é Meu Irmão”, de Rayo Machado (Bragança, PA), na categoria Longa-Ficção; “Filhas do Andirá”, de Domi (Manaus, AM), na categoria Curta-Documental; e “As 7 Palmas da Liberdade”, de Mayara Coelho (Belém, PA), na categoria Longa-Documental.
De acordo com André Araujo, produtor e pesquisador que participou da curadoria, foi difícil definir os trabalhos finalistas, pois a qualidade de todas as obras era inquestionável. “Além do próprio mérito do projeto e de sua proposta narrativa e estética, também pensamos no perfil de profissionais que poderiam melhor aproveitar o espaço de desenvolvimento. Afinal, o LAB não se limita a pensar o projeto em si, mas contribuir com o desenvolvimento profissional de seus participantes para além daquela obra, fortalecendo sua atuação no mercado audiovisual. De toda forma, estamos satisfeitos com o resultado, mas fica o desafio de pensar como ampliar a representação de outros estados da região em próximas edições”, destaca.
Mayara Coelho, uma das participantes, está extremamente empolgada com o evento e as atividades que se desenvolverão ao longo dos próximos dias. “Acredito que vai ser uma semana desafiadora e incrível, porque estaremos escrevendo, produzindo e direcionando tudo da melhor forma possível. Vamos conseguir dar passos muito grandes com os nossos projetos e avançar com novos olhares sobre o fazer cinema na Amazônia”, ela destaca.
O documentário “As 7 palmas da liberdade”, criado por Mayara, investiga, por meio de relatos dos povos tradicionais da região, a exploração do território do baixo Acará, no Pará. O longa apresenta uma vasta gama de informações sobre uma empresa extrativista multinacional, que se apropria do rio e do solo sagrado destas populações, a exemplo do Cemitério Ancestral Nossa Senhora da Batalha, que hoje está sendo utilizado para a plantação de dendê.
Já na ficção, Rayo Machado, conta a história de Tuca, que viaja com a família de Belém até Porto-Velho para o casamento de seu meio irmão. Durante o filme, a cineasta tem como objetivo levantar discussões sobre os afetos que podem existir na Amazônia Urbana. Ela também está com grandes expectativas para a semana no laboratório. “Quero nutrir meu projeto de referências afro-amazônicas, entendendo que fazer cinema neste território e ocupar o mercado audiovisual de forma qualificada também é político”, afirma.
O LNNA é uma realização da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro (Apan) em parceria com o Matapi – Mercado Audiovisual do Norte e a Casa Ninja Amazônia, apoio do Projeto Paradiso, Paradiso Multiplica e Secretaria de Estado de Cultura (Secult), por meio do Museu da Imagem e do Som (MIS) Belém, e financiamento da Open Society Foundations.
Serviço: LAB Negras Narrativas Amazônicas
Data: 3 a 8 de abril
Redes sociais: @labnegrasnarrativas e www.apan.com.br/
Foto de capa: Divulgação
O Portal Jambu é um espaço de jornalismo experimental com matérias produzidas por estudantes de graduação da Faculdade de Comunicação da UFPA sob a coordenação da Profa. Dra. Regina Lima e do jornalista Marcos Melo.