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Por Kelvyn Gomes | Fotos: Acervo da Panta Rei

Contar a história de Belém a partir de estampas. Esse é objetivo da marca de camisetas autorais  “Panta Rei”, inspirada em temas da cultura paraense. As camisetas personalizadas são um nicho de moda autoral da economia criativa que sempre está em alta. A demanda por produtos personalizados, principalmente aqueles ligados à cultura regional, fomenta a identidade dos consumidores e movimenta a economia local. Foi pensando nesse público que o professor e designer Robson Macedo, a convite de um amigo, criou em 2018 a marca de camisetas Panta Rei.

“A gente modelou o negócio pra ser uma marca muito jovem. Então a ideia inicial era a gente trabalhar com temas bem joviais, do mundo do entretenimento, cinema, games, séries, e trabalhar com um público bastante regional, né? Com temas também regionais. Mas o que realmente ficou bem em evidência foram os modelos com estampas regionais. Isso foi bem bacana porque deu um norte para nossa criação”, contou o fundador da marca.

Ainda que com olhar voltado a atender demandas de um público local, fugindo dos clichês dos souvenirs mais tradicionais, a empresa passou a criar suas estampas com um alcance mais abrangente, fugindo da exotização e dos estereótipos sobre a região. Com temas variados relacionados à cultura paraense e amazônica, a “mais pedida do público” no começo da marca foram as camisetas com temática voltada à alimentação.

Não podia ser diferente! Com um rico patrimônio cultural alimentar, seja pela diversidade dos alimentos ou por seus variados modos de fazer, em 2015 a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), concedeu a Belém o título de Cidade Criativa da Gastronomia, honraria compartilhada com apenas outras três cidades no Brasil. “Os carros chefes das nossas coleções são as estampas que envolvem comida: principalmente açaí, a mais concorrida de todas. Então o que envolve alimentação e gastronomia paraense são as mais procuradas pelo público”, explicou Robson.Mas o sucesso veio mesmo com as estampas sobre os bairros da capital paraense. A sacada de criar estampas que contassem parte da história dos bairros da cidade veio quando Robson andava pela rua e viu uma pessoa usando uma camiseta “de” Nova York. “Será que o cara vai em Nova York com uma camisa escrito ‘Jurunas’, escrito ‘Belém’, aí assim, deu um estalo: ‘pow, vou fazer uma camisa dessa então!’. Já que a galera usa camisa de outros lugares, porque não usar camisas daqui?”, indaga o produtor.

Robson afirma que o público da marca queria algo regional, mas com uma estética global, foi quando veio a segunda sacada. “Procurando sempre relacionar esse designer global, essa estética global, com o tema do bairro, o que tem a ver com o bairro, que tem uma relação com o bairro. Por exemplo, a Cidade Velha, a gente usou temas estéticos que remetem a questão mais gótica, ao período em que o bairro foi fundado”, explica o criador das estampas.

“Panta Rei”, uma expressão grega que significa “tudo muda”, “tudo flui” foi uma escolha proposital. A marca de camisetas ajudou a disseminar um pouco da história da cidade e mudou, ainda que um pouco, o olhar das pessoas principalmente sobre aqueles bairros da periferia. Não à toa, as camisetas mais vendidas da marca belenense são as dos bairros do Jurunas, Guamá e Terra Firme, os mais populosos da cidade e com uma rica manifestação cultural periférica que fomenta a identidade dos seus moradores.

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