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Por Kelvyn Gomes/Imagem: Divulgação

O coração de São Paulo vai bater em ritmo paraense nos dias 24 e 25 de maio. Em grande estilo com a Aparelhagem Crocodilo e outros artistas paraenses que desembarcam na capital paulista para uma performance inédita que ocupa o Vale do Anhangabaú por 24 horas seguidas, das 18h de sábado às 18h de domingo. O espetáculo, batizado de “24 Horas de Rock Doido”, uma intervenção cultural amazônica que reúne alguns dos nomes mais importantes da música paraense contemporânea.

Ao lado de uma mega estrutura sonora e visual, o público paulistano também vai curtir apresentações de Gaby Amarantos, Viviane Batidão, Jaloo, Miss Tacacá, Gang do Eletro e outros nomes da música paraense em um line-up que representa bem a diversidade da música paraense. Para que essa experiência aconteça, uma carreta de 22 metros cruzou o país desde Belém trazendo os equipamentos, a equipe de montadores e os famosos carregadores de aparelhagem, trabalhadores fundamentais na operação logística que sustenta o espetáculo.

A montagem da estrutura no Anhangabaú será documentada, revelando os bastidores de uma tradição pouco conhecida fora do Norte, mas carregada de história, tecnologia e pertencimento. “É uma conquista do Crocodilo e de toda a nossa cena! Vamos mostrar que as aparelhagens têm força, história e estrutura para circular. Não é só som, é visual, é raiz, é afeto. Vamos fazer história na Virada Cultural”, afirma DJ Marlon Beats, um dos responsáveis pela aparelhagem.

Para Gaby Amarantos, que nasceu no bairro do Jurunas, em Belém, subir ao palco do Crocodilo na Virada é um momento de orgulho e reconhecimento. “Estou muito feliz de ver a nossa cultura da periferia de Belém chegando em São Paulo. Quem não conhece vai sentir o gostinho do que é uma festa de aparelhagem de verdade. E pra quem é paraense e mora aqui, vai ser uma chance linda de matar a saudade”, comenta a cantora.

A voz de Viviane Batidão, que no ano passado subiu ao lado do DJ Alok no estacionamento do Mangueirão, faz um show solo no sábado e participação no Crocodilo no domingo. A artista reforça a força do tecnomelody. “Estar na Virada é mostrar que o Norte também é protagonista. A aparelhagem é celebração, é resistência, é força. Que o público sinta isso e saia transformado”.

Já Keila, da Gang do Eletro, lembra que essa presença é também política. “Aparecer no centro de São Paulo com uma aparelhagem é um recado: estamos aqui, temos história, temos potência. A Gang representa um legado. Essa ocupação é resistência”.

Instalação artística viva

As aparelhagens não se resumem aos mega espetáculos que apresentam durante os seus shows. Antes das luzes e dos telões, há todo um planejamento e histórias de vida. Pensando nisso, durante as 24 horas da programação, o Crocodilo também funcionará como uma instalação artística imersiva, aberta à interação com o público. A proposta é levar não apenas música, mas também estética, cultura e história. Com painéis de LED, totens, esculturas e iluminação especial, a aparelhagem será um espetáculo visual permanente ao longo da maratona cultural.

A produtora paraense Ane Oliveira, que coordena a ação em São Paulo, destaca a importância do momento. “É mais que um show. É a chegada de uma estética periférica do Norte no maior evento cultural gratuito do Brasil. A aparelhagem emociona, encanta e representa um Brasil que muitas vezes não é visto. Mas agora, vai ser sentido”.

Embora profundamente enraizado na cultura amazônica, o Crocodilo também se abre ao diálogo com outras sonoridades. A programação incluirá DJs e artistas de diferentes periferias do país, criando uma pista diversa, sem perder a essência do tecnobrega paraense. “É sobre ocupar novos espaços e fazer com que mais gente conheça o nosso movimento, que é forte e carrega a cultura do Pará de um jeito único”, reforça DJ Marlon Beats.

20 anos de Virada Cultural

Com o tema “20 anos em 24 horas”, a Virada Cultural 2025 celebra duas décadas como o maior evento gratuito da capital paulista. A volta dos palcos ao centro da cidade marca o reencontro com o espaço urbano como território de convivência, resistência e criação cultural.

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