Por Kelvyn Gomes/Foto: reprodução rede social do artista
O artista ceramista de Soure, Ronaldo Guedes, em parceria com a artista visual Roberta Carvalho, irá levar a cultura marajoara à fachada do Palácio Lauro Sodré no Amazônia Mapping 2024. O festival, que vai reunir este ano artistas do Brasil e da Pan-Amazônia com apresentações musicais e projeções, começa hoje, 01 de novembro, e segue com programação no sábado (02), na fachada do Palácio Lauro Sodré, na Cidade Velha. Além do ceramista, estarão também representados no Festival, os mestres e mestras guardiões da cultura paraense.
Foto: reprodução rede social do artista
Ronaldo Guedes destaca que seu trabalho é inspirado não apenas pelos modelos criados por seus antepassados, mas pelos saberes transmitidos. As peças apresentadas pelo artesão, são uma releitura dessa tradição ancestral. “Eu tenho uma referência e um estilo cerâmico que foi elaborado pelos nossos antepassados e vou criando a minha leitura atual, mantendo esse fio de interligação com a cultura ancestral da Amazônia e o trabalho contemporâneo”, afirma o artista.
Inspirado pelas belezas do município de Soure, na costa oriental do arquipélago do Marajó, o ceramista imerge na natureza do lugar e nas características do ambiente para produzir suas obras. Ele encara a produção e a arte cerâmica como uma forma de se conectar com seus ancestrais a partir da natureza e paisagem da cidade onde vive, conhecida popularmente como a pérola do Marajó. “A gente vive num lugar de muita força, de muita água, de muita natureza, dos nossos ancestrais que se fazem presentes através dos nossos fazeres, das plantas, do dia a dia, do cotidiano do povo daqui. Então a gente tem um pé no presente e um pé no passado”, explica Ronaldo.
Foto: Luana Nascimento
Em 2024, o festival abriu edital público para chamamento e premiação de artistas da Pan-Amazônia. Representando a Amazônia brasileira, a convite das curadoras Roberta Carvalho e Aíla, o artesão marajoara estará pela primeira vez no Amazônia Mapping. Aliando imagem e som, com projeções de suas obras, o ceramista irá dividir o palco com Tambores do Pacoval, grupo de carimbó também da cidade de Soure, e Mestra Bigica. “A Roberta pegou as imagens que vão tá sendo projetadas e eu espero que realmente a gente possa, através do trabalho dela, das formas que eu consigo representar, trazendo um pouco do rio Amazonas, do Marajó, possa, em forma de imagem, chegar nas pessoas que vão tá presente.
Com projeções públicas, o Amazônia Mapping ocupa áreas importantes da cidade, como o centro histórico da capital. Além de ser uma janela para os artistas e suas obras, o festival também é um mecanismo importante de democratização da arte ao reunir artistas e público locais e de outras regiões. “Às vezes a gente não conhece os artistas da própria região, do próprio lugar. Então esse leque de oportunidades pra trazer outros artistas pra dentro do evento é super importante também pra gente mostrar a nossa arte a comunidade e depois expandir. Um movimento de dentro pra fora”, conclui o artesão.
Foto: Leandro Tocantins/Secult
O festival Amazônia Mapping 2024 ocupa o Museu do Estado do Pará, Palácio Lauro Sodré, na Cidade Velha, em Belém, nos dias 1 e 2 de novembro, a partir das 19. O evento é gratuito.