Nesta sexta-feira, 03 de janeiro, a cidade de Ananindeua, situada na região metropolitana de Belém, completa 81 anos de emancipação. A cidade, que faz divisa com a capital paraense, está distante a apenas 20km do centro da capital.
O Portal Jambu conversou com a professora e pesquisadora Victória Murakami, especialista em História Ambiental e pesquisadora sobre a história da cidade de Ananindeua, para falar sobre a importância cultural, os desafios e o futuro da cidade.
Por Kelvyn Gomes/Imagem: Reprodução – Adrielson Furtado
De acordo com a pesquisadora, o Museu Parque Seringal, inaugurado em 2012, é um importante ponto de conexão entre o patrimônio cultural, a história ambiental e a preservação ecológica. O espaço nasceu de uma demanda local por um lugar que reunisse memória, história e preservação ambiental.
Segundo Victória Murakami, o Museu Parque Seringal é um reflexo da história local, especialmente do ciclo da borracha, que transformou a economia da região no final do século XIX. “O nome do parque remete também ao primeiro museu da cidade, sendo um importante ponto de referência ao exibir o período do Ciclo da Borracha na Amazônia. Este ciclo foi fundamental para o desenvolvimento da economia paraense, especialmente no que diz respeito à extração do látex das seringueiras”.
Para quem ainda não conhece a cidade ou tem pouco contato com o contexto de Ananindeua, o parque oferece uma imersão única na história e na natureza da região, considera a especialista. “O Parque do Seringal apresenta uma área verde muito significativa para a cidade de Ananindeua e para a nossa região amazônica. Aqui, encontramos seringueiras, que fizeram parte do ciclo da borracha, e podemos aprender sobre os seringueiros, esses trabalhadores que extraiam o látex e que foram essenciais para o desenvolvimento econômico local”, relata Murakami.
Além de seu valor histórico, a especialista ressalta que o Parque é um importante espaço de lazer e convivência. “Não é apenas o contato com o museu, mas também com toda a área verde do local, que traz múltiplas sensações e formas de aprender sobre a Amazônia. No Parque, as pessoas podem praticar atividades físicas, socializar, conhecer mais sobre a história ambiental e até mesmo apreciar a biodiversidade local”, conta a professora.
O Museu Parque Seringal também é visto como um marco na preservação do patrimônio ambiental de Ananindeua. A pesquisadora diz que “ aA criação de parques em Ananindeua é algo muito marcante, pois existem áreas de preservação ambiental em vários pontos da cidade. O Museu Parque Seringal traz um debate patrimonial e ambiental no mesmo espaço, protegendo tanto a memória local quanto a biodiversidade da região”.
Em relação à importância do parque para a cidade, Murakami destaca a necessidade de valorização de espaços verdes na formação cultural e sensível da sociedade. “Quando convivemos e socializamos em um espaço verde, é quando realmente reconhecemos o potencial desses lugares e começamos a protegê-los de forma ativa. O Parque Seringal, com seu patrimônio histórico e ecológico, contribui para que as pessoas se reconheçam culturalmente e compreendam a importância de preservar esses espaços para as futuras gerações.”
Ananindeua, com seu crescimento urbano acelerado nos últimos anos, também se destaca por outros espaços que compartilham a mesma proposta de integração entre natureza e lazer, como o Parque Antônio Danúbio e o Parque das Águas, além de diversas praças e espaços culturais. “Com o tempo, a cidade foi ganhando mais espaços culturais e verdes, e não precisamos mais ir para Belém para desfrutar disso. A urbanização de Ananindeua deve continuar respeitando e preservando esses espaços de convivência e identidade”, afirma a professora que também é especialista em ciências do patrimônio e atua na área da História Ambiental.
Murakami ainda destaca a relação entre a história ambiental e o nome da cidade. Ela lembra que “ananindeua tem seu nome originado de uma árvore da região, a árvore do Anani. Esse é um privilégio da nossa cidade, especialmente por estarmos em uma região amazônica, onde a natureza deve ser valorizada e protegida, tanto ambiental quanto culturalmente”.
O Museu Parque Seringal é reflexo de um passado que ainda vive nas árvores e no solo de Ananindeua, um local onde história, cultura e meio ambiente se encontram.