Portal Jambu

Em 2024, o Portal Jambu cresceu, ganhou cara nova com os artigos e perfis, mas tudo isso sem perder a sua essência: valorizar a cultura paraense na sua amplitude, reconhecendo a diversidade artística, dos saberes e fazeres que cruzam as fronteiras do mainstream chegando nas periferias e no interior. Vem com a gente lembrar alguns fatos marcantes deste ano.

Por Kelvyn Gomes/Imagens: Divulgação

2024 foi um ano musical e por aqui curtimos brega, festa de aparelhagem, samba, rock, pagode, carimbó, jazz, hip-hop e os festivais que agitaram a cidade ao longo de todo o ano. Dos já tradicionais Lambateria e Psica que acontecem no segundo semestre do ano e foram marcados por conectar o Brasil às Amazônias com artistas da Pan-Amazônia como Rossy War, Los Mirlos e as apresentações dos bois Garantido e Caprichoso em um encontro histórico no centro da capital paraense.

Em março, o III Festival Noite Suja levou ao palco do Teatro Margarida Schivasappa, no CENTUR, um marco para a arte drag na Amazônia. O Schivasappa também foi palco do Latinidade que exaltou as raízes latino-amazônicas da nossa música. Estreando na cena cultural de Belém, o Festival Tecnobrega e Aparelhagens reuniu, em três dias de festa, importantes nomes do estilo musical que levou o Pará para o Brasil: o Brega. Mas nessa cidade tem espaço para todo mundo e a prova disso foram os festivais Studio Pub Rock Festival, que trouxe para Belém o show da turnê de despedida da banda Sepultura; Outros Nativos que reuniu artistas do rap e hip-hop na praça Dorothy Stang, na Sacramenta, descentralizando os festivais na cidade; e antes do ano acabar, o Amajazzon trouxe grandes nomes desse que já é um estilo musical clássico para Belém.

Em 2024,  a capital paraense não se tornou apenas vitrine da cultura paraense para o mundo como virou uma verdadeira galeria. A cidade recebeu grandes exposições, ganhando, inclusive, um novo centro cultural, o CCBA (Centro Cultural Bienal das Amazônias); e itinerâncias de outros importantes espaços culturais do país como “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação”, do Museu da Língua Portugues que esteve em cartaz no Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi e “Fruturos – Tempos Amazônicos”, em cartas no Museu do Estado do Pará.

A arte foi também uma forma de protestar e de fazer lembrar. “Memórias da Ditadura” abriu a programação do seminário que discutia os 60 anos do Golpe Civil Militar no Brasil na casa das 11 Janelas. Enquanto o Museu de Arte de Belém (MAB) e o Sesc Ver-o-Peso receberam “Levantes Amazônicos: imagem, estética, política e resistência” com obras selecionadas a partir de um edital público e gratuito. E como arte também é representatividade, “Tybyra“, parte do primeiro caso de LGBTFobia documentado no Brasil, datado de 1614, quando o indígena Tybyra do Maranhão foi brutalmente assassinado com um tiro de canhão pela inquisição católica, acusado de sodomia, segue em cartaz até 12 de fevereiro.

As exposições além de terem sido espaço para o debate sobre as artes também serviram para homenagear artistas e instituições e sua atuação na Amazônia. A mostra fotográfica “Benedicto Monteiro – 100 anos”, inaugurada em fevereiro, comemorou o centenário do jornalista, advogado, político e escritor Benedicto Monteiro; e a “FotoAtiva 40 Anos: Teias, Fluxos e Resistência” que ocupou as salas do Centro Cultural Sesc Ver-o-Peso reuniu produções de diferentes artistas que participaram dos 40 anos de história da instituição.

Este ano, o Portal Jambu também ampliou seu espaço para participação de atores e agentes sociais e culturais, fazedores de cultura fomentando o senso crítico, a valorização do Patrimônio Histórico e das diversas manifestações artísticas da região. Os artigos publicados ao longo do ano ajudaram a não apenas recontar a história da cidade, mas a discutir nosso papel enquanto agentes sociais envolvidos nos processos históricos que permeiam nossa formação cotidiana.

Falamos sobre as mangueiras, sobre os casarões, seu abandono e o nosso papel nessa complexa teia de relações afetivas com a cidade. Além do material produzido pela equipe do Portal, também abrimos espaço para que outras vozes ecoassem a partir do nosso canal de notícias que cresceu neste último ano. “As novas caravelas estão chegando”, do influenciador digital e cientista político, Gabriel Conrado escancarou como somos passíveis de reproduzir as mesmas práticas colonialistas de outrora, mesmo sem percebermos.

Em tempos de COP30 e da efervescência do debate climático sobre a Amazônia, discutimos ao longo do ano a valorização não apenas da nossa cultura, mas da nossa gente e a importância de sermos ouvidos. O artigo de Raquel Ferreira, “Quem quiser venha ver”, da agência de turismo local “Monotour”, nos ajudou a entender como o turismo pode se tornar predatório e ao invés de beneficiar comunidades locais, pode precarizar suas vidas e degradar o meio ambiente.

Outro projeto iniciado em 2024 foi o “Perfil Jambu”, que em breve deve estar de volta. Conhecer a trajetória de artistas de diferentes manifestações e práticas culturais nos ajudou a entender um pouco mais a complexidade, a diversidade, as possibilidades e potencialidades da cultura Amazônica. Foi um enorme aprendizado e um deleite poder ouvir as histórias e tradições familiares que mantiveram de pé o pássaro junino “Rouxinol” da Pedreira; de artistas consagrados como a intérprete Sandra Duailibe e a trajetória do olhar sensível de quem conhece todos os 114 municípios paraenses, a fotógrafa paraense, Elza Lima.

Em 2025 o Portal Jambu seguirá em defesa e como espaço de visibilidade da cultura amazônica, ampliando seu olhar para outras partes desta vasta região, valorizando e reconhecendo o potencial não apenas de sua cultura, mas de sua gente. Para isso, contamos com a sua colaboração. Tem uma sugestão de pauta para a gente? É só enviar para jambu.portal@gmail.com.

Nos vemos daqui a pouco, no ano que vem!

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