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Por Rafael Arcanjo | Foto: Lorenzo Lordship

O Núcleo de Teatro Mequetrefes apresenta, nesta quinta-feira (19), às 18h e às 19h30, o monólogo “Pistoia”, no Teatro Universitário Cláudio Barradas (TUCB), em Belém. Com roteiro e atuação de Lucas Bereco e direção de Victoria Rodrigues, a montagem foi inspirada no diário de campanha de um combatente paraense da Segunda Guerra Mundial. O espetáculo foi selecionado e integra a V Mostra Cênica TUCB, promovida pela Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará.

Segundo Lucas Bereco, a construção do personagem principal do espetáculo, o jovem Ulisses, começou a partir de um fragmento de imagem feito pelo ator como finalização de sua disciplina de Maquiagem, no curso de Figurino Cênico. O personagem, inspirado no conto “Cristo Morto”, do dramaturgo Rubem Braga, é um soldado com o corpo parcialmente queimado e a cabeça enfaixada, com essa faixa cobrindo um dos olhos.

Posteriormente, quando surgiu a oportunidade de participar do Edital da Mostra TUCB, Lucas e Victoria tiveram a ideia de lançar alguma coisa pelo Mequetrefes e tentar uma vaga no certame. Neste processo, ele relembrou esse personagem antigo e acabou por escrever uma dramaturgia baseada nele, que agora será apresentada na Mostra TUCB. A peça foi nomeada Pistoia em alusão à comuna homônima da Itália onde se tem um cemitério para os combatentes brasileiros mortos durante as incursões da FEB na Itália. E Ulisses é atravessado, em sua trajetória, por essa cidade.

Para construção do roteiro, Lucas Bereco pesquisou e se debruçou sobre o período da Segunda Guerra Mundial, quando acabou por encontrar o Diário de Campanha do Pracinha Galliano Cei, uma das inspirações  para a montagem. “Eu acabei encontrando o diário de campanha do pracinha Galliano Cei, que é um pracinha brasileiro que foi recrutado para fazer parte da Força Expedicionária Brasileira, então tudo que ele passou por lá, desde que ele saiu daqui do Brasil e foi para Itália, ele descreve em um diário de ordem cronológica muito bem detalhado, e a partir disto, eu comecei a desenvolver a dramaturgia do roteiro de ‘Pistoia'”, explica Lucas Bereco.

Já a construção de Ulisses, de acordo com a diretora do espetáculo, Victoria Rodrigues, se deu por meio da imersão do humano na guerra, muitas vezes resumido a apenas ao fronte. Essa elaboração foi feita com o máximo de respeito durante o estudo da temática, pois ela e Lucas, ainda que estejam falando sobre algo que aconteceu no século passado, abordam um tema sensível: a dor causada pelas guerras. E é por meio desta sensação, da dor que o público não consegue, muita das vezes, compreender, onde a peça ‘Pistoia’ se encontra.

O personagem Ulisses, revela Victoria, foi estruturado de forma a repassar ao público o lado humano dentro de uma guerra, onde o indivíduo levado à batalha é frágil e tem sonhos. “O Ulisses foi construido para que ele representasse esse ser humano, fragil, sonhador, do interior, com familia, com estudo, que é desumanamente absorvido nesse contexto. Fazendo com que o público se perceba não tão distante disso, saindo da comodidade do Brasil não estar em guerra, mas o mundo está” ressalta Victoria Rodrigues.

Victoria classifica a peça como um drama e adianta aos espectadores que podem esperar um espetáculo com um mix de sentimentos. “O público pode esperar por muita emoção, lágrimas e sangue. Dinâmicas cênicas de tirar o fôlego, com diversos nuances de emoções em uma viagem conduzida por um grande sonhador que queria um mundo melhor. Um espetáculo classificado como drama.”, finaliza Victoria Rodrigues.

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