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Desde que um vídeo foi publicado em perfil em uma mídia social e teve mais de 50 mil visualizações em pouco tempo, o coral Madrigal, projeto de extensão da Universidade do Estado do Pará (UEPA), vem chamando atenção do público nas mídias sociais, por incluir músicas paraenses, especialmente o brega, em seu repertório.  A música, nada mais, nada menos que “Volte Logo” do cantor de brega paraense, Nelsinho Rodrigues.

Por Kelvyn Gomes/Imagem: Divulgação

O coral, que é  formado  exclusivamente  por estudantes da universidade, tem se destacado nos últimos anos não apenas por sua dedicação à música erudita, mas também por suas reinterpretações de clássicos do brega paraense. O coral  se tornou um símbolo da fusão entre a música clássica e a cultura do Pará, conquistando a atenção do público e viralizando na internet.

A ideia de misturar os estilos surgiu de uma integrante do grupo que, com a ajuda do arranjador e professor de Canto Coral Ediel Souza, começou a experimentar novos arranjos para músicas bregas. A proposta foi tão bem recebida pelo grupo que os arranjos permaneceram no repertório, e hoje somam cinco canções nesse estilo. O sucesso foi tão grande que, no início de 2023, o grupo foi convidado para se apresentar na posse do governador Helder Barbalho. Essa repercussão foi um grande marco para o grupo, que passou a ser reconhecido por sua ousadia em unir a música erudita com o brega paraense.

A escolha de incluir o brega no repertório não foi isenta de críticas, especialmente por parte de quem não valoriza a música regional paraense, considera Ana Maria, professora do curso de Licenciatura Plena da UEPA. No entanto, ela destaca que, apesar das críticas, a resposta do público tem sido positiva, principalmente quando as pessoas percebem o cuidado e a qualidade dos arranjos. “É normal que haja críticas, mas um arranjo bem feito faz toda a diferença. Hoje, o brega não é só um tema que provoca discussões, ele é uma parte importante do nosso repertório, e as apresentações do grupo sempre incluem pedidos por essas músicas”, explica.

Quando questionada se qualquer música brega pode ser adaptada para o coral, Ana é categórica. “Não é qualquer brega que funciona. O grupo conhece as músicas e os arranjos têm que ser muito bem feitos para que todos se sintam à vontade para cantar.” O repertório do Madrigal inclui tanto canções lentas quanto rápidas, e, entre as preferidas do público, estão “Ao Pôr do Sol”, de Teddy Max, considerado um dos maiores expoentes do estilo, e “Volte Logo”, de Nelsinho Rodrigues, que, segundo a professora, conseguem cativar tanto os integrantes quanto os espectadores.

Um projeto bem sucedido

O Madrigal da UEPA foi fundado em 2001, durante a gestão do Núcleo de Arte e Cultura da PROEX, sob a coordenação da professora Eliana Cutrim. A ideia inicial era criar um grupo artístico para divulgar a cultura musical por meio do canto coral, reunindo alunos da graduação e da comunidade. O primeiro regente foi o professor Milton Monte, e desde então, o coral tem se consolidado como um importante espaço de formação artística e de expressão cultural.

Hoje, o grupo é formado exclusivamente por estudantes de graduação e pós-graduação da UEPA, que ingressam por meio de um edital. Com 20 vagas para o coral misto (sopranos, contraltos, tenores e barítonos), o Madrigal oferece 12 bolsas anuais, permitindo que os integrantes permaneçam no projeto enquanto estiverem cursando a faculdade.

Além de contribuir para a divulgação da música clássica, o coral também tem criado novos laços de apreciação pela música popular paraense. “O sucesso das reinterpretações de brega são um reflexo da capacidade do grupo de mesclar tradição e inovação, criando um espaço de experimentação e expressão cultural”, considera a professora. “À medida que o grupo segue sua trajetória, a tendência é que o repertório continue a crescer e a se diversificar, mantendo o compromisso com a qualidade artística e com a valorização das raízes musicais do Pará”, conclui.

Para o público, cada apresentação do grupo é uma oportunidade de ver a música de uma forma diferente, onde a clássica e a popular se encontram e se reinventam, criando experiências únicas e emocionantes.

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