Por Giovanna Martini | Foto de capa: Giovanna Martini
Bolsas criadas a partir de sacolas plásticas, bonecas que promovem a inclusão, cadernos decorados com papel de parede, roupas confeccionadas a partir do tecido de um guarda chuva; todos esses produtos e mais estão disponíveis no Mercado Cultural do Curro Velho. Destinado para venda e exposição de produtos feitos de forma artesanal pelos alunos que ingressam nas oficinas da instituição, o espaço colaborativo funciona como uma vitrine da produção oriunda das oficinas. Além da venda, o Mercado é um mostruário das técnicas que podem ser aprendidas nas oficinas ministradas no Curro Velho.
A idealização do Mercado Cultural começou em 2004, com o projeto Taberna Pará, a primeira tentativa de disponibilizar um espaço colaborativo na instituição. Durante esse período, o local era uma exposição itinerante que viajava pelo estado do Pará, apresentando os produtos confeccionados no Curro Velho. Dois anos depois, em 2006, foi oficializado e aberto o atual espaço de funcionamento do Mercado Cultural.
Para Ana Luz Dias, técnica de gestão cultural do Curro Velho e uma das responsáveis pelo Mercado, o local tem uma atmosfera única, reflexo da produção personalizada e subjetiva dos alunos. “Quando a pessoa entra, ela já sente um clima diferente. São produtos, muitas vezes, com um traço dos nossos próprios alunos. A arte é autoral, então é um exercício desse indivíduo para criação da sua própria identidade, cada uma dessas pessoas está buscando isso. O que tá aqui é um pouco do aluno, nesse resultado do aprendizado”, comenta Ana Luz.
Ana Luz Dias, técnica de gestão cultural do Curro Velho. Foto: Andreza Dias.
Os itens produzidos nas oficinas regulares passam pela curadoria da instituição, feita pelos técnicos de artes visuais. Durante o processo, o acabamento da peça é o principal quesito para decidir se ele tem condições de ser comercializado ou não. Já os objetos confeccionados no Núcleo de Produção são destinados ao acervo particular do Curro Velho, sendo destinados para exposições em outros locais, como a galeria de arte da Fundação Cultural do Pará (Centur). A distinção acontece devido à maior riqueza de detalhes artísticos dos projetos, que dispõe de mais tempo de produção.
Além do propósito social e cultural, os objetos criados nas oficinas também são um exercício de sustentabilidade. A partir do reaproveitamento e reutilização de materiais considerados descartáveis, o ciclo de aprendizagem, produção e vendas estimula o olhar criativo e, sobretudo, a diminuição do acúmulo de resíduos sólidos.
“Acho que a maior ‘pitada’ desse trabalho é quando a gente leva pra questão da sustentabilidade. Aqui, a gente vai encontrar um papel que foi reciclado por uma turma, depois ele vai para confecção de um bloco artesanal, como também pode ser usado na serigrafia”, finaliza a técnica Ana Dias.
O Mercado Cultural do Curro Velho está aberto para visitação de segunda-feira a sábado, das 9h até às 18h, no endereço Rua Prof. Nelson Ribeiro, 287, bairro do Telégrafo.