Por Giovanna Martini
“A partir dessa crise, a gente está se conectando. (…) Sem querer parecer romântica, mas talvez essa crise era o que a gente precisava pra fazer essa reconexão.” Esta foi a fala de Yara Costa, artista, cineasta e contadora de histórias moçambicana, sobre a internacionalização da luta pelos direitos ambientais e contra o agravante da crise climática global. Yara foi a mediadora da roda de conversa que aconteceu no primeiro dia de programação do Fórum Arte pela Justiça Climática – Reimaginando Futuros Sustentáveis, realizado no Curro Velho, em Belém, no fim de semana dos dias 20 e 21 de setembro.
O evento contou com a presença de artistas e ativistas de mais de 20 países, que se reuniram para debater a arte como forma de denúncia e resistência em diferentes contextos geográficos e sociais. Um dos principais questionamentos norteadores da programação do fórum foi a pergunta “como a arte e a cultura podem responder a questões socioambientais?”, visando cumprir o objetivo de integrar os diferentes atores sociais da luta por justiça climática e direitos socioambientais em uma conexão sul-sul.
Para Chemi Rosado-Seijo, artista multimídia de Porto Rico, a presença no evento no atual contexto da Amazônia brasileira foi uma experiência transformadora, apesar das dificuldades enfrentadas devido à crise ambiental. “Realmente (estar aqui) é um sonho de vida, e preciso agradecer ao Brasil e aos artistas brasileiros, que mudaram minha carreira. Através da arte brasileira eu pude encontrar meu caminho. (…) É energizante pra mim saber que estou fazendo a diferença e com pessoas incríveis assim. É uma coincidência estar em um país que está em chamas por avareza e por dinheiro, e esse momento nos traz esperança”, afirma Chemi.
Os relatos de Yara Costa e Chemi Rosado mostram a necessidade de conexão e reconhecimento de uma comunidade que caminha na mesma direção, como nesse caso, na luta pela dignidade socioambiental e pelo fim da crise climática. A realização do Fórum Arte pela Justiça Climática no atual contexto de degradação ambiental chamou a atenção de diferentes esferas sociais para as incertezas e as fragilidades das relações dos indivíduos com o meio ambiente, levantando debates e questionamentos que precisam ser ecoados.