Por Kelvyn Gomes / Foto: divulgação
Entrevistas com especialistas e relatos de quem vive o “Natal dos Paraenses”, a nova série do Portal Jambu vai abordar diferentes aspectos do Círio de Nazaré que acontece em Belém no segundo domingo de outubro. Serão cinco episódios lançados todos os sábados, a partir do dia 19 de setembro. No primeiro episódio vamos conhecer mais sobre o almoço, seus ingredientes e modos de fazer da culinária paraense. No segundo episódio contaremos a história da tradicional corda puxada pelos romeiros em prece durante a celebração de domingo. O quarto episódio vai contar a história dos coloridos brinquedos de miriti que encantam crianças e adultos. No último episódio, na semana da procissão de domingo, contaremos relatos de promesseiros em histórias emocionantes.
Comemorado tradicionalmente no mês de outubro, o Círio de Nossa Nazaré é considerado a maior festa religiosa do país reunindo milhares de pessoas pelas ruas da capital paraense. A primeira procissão, consideram os historiadores, teria acontecido no dia 8 de setembro de 1793, mandada celebrar por Francisco de Souza Coutinho, então capitão geral da província do Rio Negro e Grão-Pará, em graça da recuperação de sua saúde.Mas a devoção mariana começou há pelo menos um século, iniciada pelos Jesuítas na localidade de Vigia de Nazaré, nordeste paraense.
Mas foi em Belém que ela teria se fortalecido principalmente a partir do achado da imagem de Nossa Senhora. Conta a tradição que o caboclo Plácido de Souza teria encontrado uma pequena imagem desgastada de Nossa Senhora de Nazaré às margens de um igarapé onde hoje está localizada a Basílica Santuário de Nazaré. Plácido teria levado a imagem para casa, mas no dia seguinte ela teria desaparecido. Ao retornar ao mesmo lugar onde a teria encontrado, se depara com a imagem lá.
Plácido entendeu que aquele era um sinal de que ali seria um lugar sagrado e, por isso, ergueu um local de devoção. A história se espalhou pela província e logo o número de fiéis passou a aumentar, até que se estabelecesse um “arraial”. Não se sabe ao certo a origem da imagem, mas estima-se que ela teria vindo de Portugal trazida pelos jesuítas. A santa encontrada pelo caboclo em meio às raízes ainda existe e fica depositada no glória da Basílica de Nazaré, descendo ao altar apenas durante o período do Círio. A imagem que percorre as ruas em romaria foi cedida pelo colégio Gentil na década de 1960.
Com o tempo, o Círio de Nazaré passou a ocupar e percorrer as ruas de Belém reunindo milhares de pessoas em 13 romarias oficiais que começa com o traslado dos carros de promessas e se encerra com o recírio. A quadra nazarena altera o dia a dia das pessoas, o cotidiano da cidade, não apenas no fluxo do trânsito de veículos, mas nas suas cores, nos seus cheiros, nos afetos. Como bem resume a música composta pelo Padre Fábio de Melo e interpretada pela cantora paraense, Fafá de Belém, “terá que vir pra ver com a alma o que o olhar não pode ver”.
Durante a pandemia de covid19, a celebração não saiu as ruas da cidade, sendo retomada apenas em 2022. Na ocasião, a arquidiocese de Belém sobrevoou a cidade com a imagem peregrina em bênçãos aos fiéis.O Círio, além de uma festa religiosa, é parte da cultura do povo, tendo tido elementos da sua realização reconhecidos em 2004 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil e em 2014 como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (Unesco).
Celebrando a cultura paraense, em 2024 o Portal Jambu vai lançar uma série especial sobre aspectos do Natal dos paraenses. Série especial Portal Jambu no Círio de Nazaré vai ao ar toda quinta-feira, a partir do dia 19 de setembro.