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Evento inédito, realizado pela Prince Claus Fund em colaboração com a Open Society Foundations, busca debater questões socioambientais dando foco à cultura e à arte. Programação aberta ao público será nos dias 20 e 21, no Curro Velho.

Por Gil Sóter | Foto: Cartaz oficial do evento

A Amazônia será o ponto de encontro global de artistas e ativistas de vinte países que estarão reunidos no Fórum Arte pela Justiça Climática — Reimaginando Futuros Sustentáveis, evento inédito realizado pela Prince Claus Fund em colaboração com a Open Society Foundations. O evento promove uma semana de intercâmbio em Belém, de 16 a 21 de setembro. Nos dias 20 e 21, o Fórum traz uma vasta programação gratuita e aberta ao público na Fundação Curro Velho. As inscrições estão abertas.

O evento ocorre um ano antes da COP 30 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), que será sediada na capital paraense em 2025. A proposta do Fórum é integrar agentes de mudança e organizações locais a fim de promover conexões, trocar metodologias e experiências para vislumbrar modelos de justiça climática a partir da seguinte perspectiva: como a arte e a cultura podem responder a questões socioambientais? O programa visa conectar as diferentes práticas e realidades, focando em tópicos como direitos ao território e à terra, modelos de desenvolvimento social e econômico e seu impacto socioambiental, bem como racismo ambiental e greenwashing (propaganda ecológica enganosa). 

A curadoria do evento foi realizada por Priscila Cobra, jornalista e carimbozeira afro-indígena de Icoaraci; Renata Aguiar, artista visual, educadora e pesquisadora, amazonense radicada em Belém; e Zayaan Khan, artista da África do Sul que trabalha em defesa da justiça alimentar, da distribuição da terra e do uso de sementes, por meio da contação de histórias e artes multidisciplinares.

“O intercâmbio entre experiências que utilizam a arte como ferramenta política e social traz o protagonismo para formas de resistência e de construção de justiça climática por meio de novas lógicas, formas não hegemônicas, descentralizadas, que buscam maneiras outras de sociedade para além do capitalismo predatório. Iremos promover essa troca com talentos e mentes de artistas e ativistas do mundo todo. E é muito importante que esse encontro ocorra na Amazônia, que é um dos territórios mais afetados pelas tensões ambientais. A ideia é conectar essas territorialidades com a nossa região”, explica Priscila Cobra.

Diversos artistas da Amazônia integram o encontro, que conta com a participação de artistas internacionais da Soros Arts da Open Society Foundation e do programa CAREC do Prince Claus Fund, uma fundação independente dedicada a apoiar a produção de artistas engajados e profissionais da cultura em locais onde a cultura está sob pressão. Ao criar uma rede global de agentes de mudança e ampliar o trabalho inovador que eles realizam, a fundação busca contribuir para um futuro mais igualitário, pacífico, sustentável e inclusivo.

“A Prince Claus Fund vê a cultura como uma força de mudança. Uma força criadora de novas perspectivas e uma plataforma que dá voz a narrativas alternativas, espalhando ideias inovadoras e expressando a nossa identidade. Porque nós acreditamos que cultura é uma necessidade básica e vital para a humanidade”, diz Marcus Desando, diretor da Prince Claus Fund, que também virá a Belém para o Fórum.

Programação

De 16 a 19 de setembro, artistas da Guatemala, Brasil, Porto Rico, Moçambique, Índia, Palestina, África do Sul, Equador, Colômbia, Egito, Argélia, Portugal, Angola, Malásia, Estados Unidos, São Martinho, Indonésia, China, Gana e Argentina se reunirão em vivências por diversos locais de Belém. A proposta para a primeira etapa do Fórum é introduzir os artistas à cidade, com suas complexidades, territórios e comunidades, desde o centro urbano até os bairros periféricos e as regiões insulares amazônicas.

Em seguida, o evento promove dois dias de programação aberta ao público, composta por rodas de conversa, oficinas, performances, instalações e shows. Todas as atividades serão traduzidas do inglês para o português para garantir a acessibilidade. As inscrições estão abertas neste link. As vagas são limitadas.

No dia 20, haverá a roda de conversa “Recriando e Reimaginando Futuros Possíveis no Presente”, com a participação de Rosa Chávez (Guatemala), Gabriela Luz (Brasil), Chemi Rosado Seijo (Porto Rico) e moderação de Yara Costa (Moçambique). 

A roda de conversa “O direito à terra, pessoas e pertencimento: da Amazônia à Palestina” reúne Jane Cabral (Brasil), Tareq Khalaf (Palestina), Zayaan Khan (África do Sul) e Fredy Papilo Gualinga (Equador), com moderação de Ixchel Tonāntzin (Equador). 

Monica Naranjo Uribe (Colômbia) ministra a oficina “Meu centro do mundo: onde a água doce e a água salgada se encontram”. A oficina “Mapeando o futuro com o músculo da imaginação”, de Ixchel Tonāntzin Xōchitlzihuatl (Equador) e Fredy Papilo Gualinga (Equador), se concentra em transformar nossa imaginação ao desprogramar padrões de pensamento coloniais e opressivos, permitindo-nos imaginar e criar um futuro onde toda a vida prospera. 

Sharon Chin (Malásia) ministra a oficina “Criaturas da mente, criaturas da terra”, que convida os participantes a imaginar uma maneira alternativa de habitar o mundo por meio de um desenho coletivo e da contação de histórias.

“Arte como Ativismo” mergulha na inspiradora e impactante interseção da expressão artística com a ética e o ativismo, destacando como as artes e culturas  servem veículos potentes para protesto, mudança social e diálogo.

No dia 21, a programação abre com a roda de conversa “Arte e Ativismo, Ética e Responsabilidade”, com participação de Molemo Moiloa (África do Sul), Deborah Jack (São Martinho) e Thiago Maiandeua (Brasil), e moderação de Benji Boyadgian (Palestina). 

Beatriz Paiva (Brasil) ministra a oficina “Lambendo a Cidade das Mangueiras; o lambe-lambe em Belém do Pará”. Irene Agrivina (Indonésia), Dan Li  (China)e Nana Opoku (AFROSCOPE) (Gana) promovem a oficina “PHOTOSYNTHESA”; e Brigitte Baptiste (Colômbia), a oficina “Ecologias de Transição”.

Haverá a roda de conversa “Imaginação socioambiental, arte como protesto e protesto como arte”, com a participação de Sofía Acosta (Equador), Pelé do Manifesto (Brasil)e Salete Cunha (Brasil), e moderação de Coletivo Etcétera (Argentina). 

Serviço

Programação aberta do Fórum Arte pela Justiça Climática — Reimaginando Futuros, dias 20 e 21 de setembro, no Curro Velho, localizado na Rua Prof. Nelson Ribeiro, 287 – Telégrafo. Inscrições gratuitas para oficinas e rodas de conversa devem ser feitas, até dia 20 de setembro, de forma online.

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