Portal Jambu

De Kelvyn Gomes | Foto: Agência Pará

Sinônimo de lazer nos arredores de Belém, a ilha de Outeiro, como é popularmente conhecida, distante apenas 18 km do centro da capital, é opção para curtir o último final de semana de julho. Mas, além do agito, o distrito é lugar de belas paisagens e sinônimo de descanso para aqueles que lá decidiram se refugiar.

Pela proximidade com o centro e a dinamização do transporte para a localidade principalmente a partir da construção da ponte Enéas Pinheiro, na década de 1980, Outeiro foi mais marginalizada ao ser associada ao intenso fluxo migratório de pessoas de classes econômicas mais baixas. Um perfil de segregação social incorporado principalmente em grandes cidades.

Mas, como quem faz o lugar são as pessoas, a ilha de pouco mais de 31 km², é celeiro de artistas, cordões de pássaros, quadrilhas juninas, de festas e bares que fazem parte da história recente de Belém.

Anuncio da inauguração da ponte do Outeiro no Diário do Pará em 23 de outubro de 1986

Caratateua, na memória dos mais antigos, foi pensada, no seu processo original de colonização, como assentamento para imigrantes. Depois virou lugar de refúgio, de contato com a natureza, dos banhos de rio e igarapé, da vida tranquila e silenciosa, das noites escuras ou iluminadas por lamparinas. Completamente cercada por água, chegar lá só era possível pela travessia dos famosos barquinhos pô-pô-pô e pela facilidade de acesso pelo rio, virou recinto de pescadores. Foram esses que cultivaram o melhor da cultura ribeirinha amazônica.

O tempo passou e as entradas na mata densa viraram estradas, ruas calçadas para receber veículos a tração animal, seguidos dos veículos a combustão que primeiro atravessavam pela balsa e depois cruzavam o Furo do Maguari na altura do bairro de Itaiteua já pela nova ponte. A facilidade de se chegar lá, a proximidade com a “cidade” e o contato com as belezas naturais levou as pessoas a se fixarem.

Aumento do movimento para outeiro com a conclusão da ponte – Diário do Pará de 28 de outubro de 1986
Ônibus de graça de icoaraci para outeiro – Diário do Pará de 25 de outubro de 1986

Cidade praiana, de água doce, como de costume na Amazônia, surgiram às margens da Baía de Santo Antônio. Na longa faixa de areia que reflete o dourado do sol e incandesce durante o verão amazônico, os frequentadores da praia, bastante democrática, pois está à uma ou duas linhas de ônibus, se divertem em família, grupos de amigos, ciclistas, canoeiros, ao som do bom brega paraense que invade o ambiente vindo de alguma aparelhagem que toca ali por perto, no Preamar ou no Areião. Ou que se ouvem na memória dos antigos Lapinha e Caldeirão do Alan.

Com a densificação populacional e a incapacidade da gestão pública em administrar e dar soluções efetivas aos problemas, entre eles, relacionados ao meio ambiente, no último estudo realizado pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), duas das principais praias foram consideradas impróprias para banho. A Praia do Amor e Belo Paraíso. Ainda assim, se tu tá de boa por Belém neste último final de semana das férias de julho, prepara uma mochila, mas só com o essencial, coloca roupas leves, te protege do sol, chama a galera e deixa o preconceito de lado e dá um pulinho em Outeiro pra curtir o dia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Portal Jambu