Da Redação | Foto: Kauanny Cohen
Inaugurada em fevereiro deste ano no Museu Paraense Emílio Goeldi, a itinerância da mostra “Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação” realizada pelo Museu da Língua Portuguesa, fala sobre as diversas línguas indígenas brasileiras. A exposição tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale via Lei Federal de Incentivo à Cultura. A montagem segue em cartaz no Goeldi o próximo domingo (28), das 9h às 16h da tarde.
Belém estreou a itinerância de “Nhe’ẽ Porã”, que antes tinha sido exibida apenas no Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. A montagem conta com objetos etnográficos, arqueológicos e obras de arte feitas por artistas indígenas em seu expositório, além de outros ítens. Quem realizou a curadoria foi Daiara Tukano, artista indígena e mestre em direitos humanos. Uma das propostas de “Nhe’ẽ Porã” é mostrar outros modos de se ver os territórios materiais e imateriais e as identidades dos povos originários, destacando suas trajetórias de luta e resistência, bem como as belezas de suas culturas.
Nhe’ẽ significa espírito, sopro, vida, palavra e fala. E Porã quer dizer belo, bom, na língua Guarani Mbya. Unidos, os dois vocábulos significam “belas palavras”, “boas palavras”, ou seja, palavras sagradas que dão significado à experiência humana no mundo. A frase traduz bem a imersão, proposta pela exposição, nas línguas e culturas que fazem parte das cosmologias indígenas.
Uma das novidades da itinerância em relação à exposição inicial em São Paulo é a utilização de peças das coleções de etnografia e arqueologia do acervo do Museu Emílio Goeldi, que é o co-realizador da Mostra. Entre os objetos integrados ao expositório estão vários tembetás, peças de quartzo colocadas sob os lábios, e botoques, um tipo de adorno utilizado para alargar o lábio inferior. Ambos são objetos que ressaltam a oratória e a escuta, habilidades valorizadas por muitos povos. O grande destaque às inclusões feitas pelo Museu é um raro banco esculpido em quartzo que, na cosmovisão Tukano, está diretamente associado à Yepário, a avó do universo.