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De Kelvyn Gomes | Foto: Divulgação

Com quase 20 anos de carreira, a intérprete é tida pela crítica como a cantora elegante dos palcos brasileiros. Influenciada por grandes nomes da música, ela conta que a musicalidade sempre fez parte de sua vida. O Perfil Jambu deste domingo é com a intérprete, compositora, apresentadora e influencer, Sandra Duailibi.

Sua carreira propriamente dita na música começou em 2005 quando ela resolveu fechar a agência de turismo “Duailibe” para realizar o sonho de ser uma grande intérprete. Mas sua vida musical começou muito antes. Sandra “lembra” que sua mãe costumava ninar ela e os irmãos ainda quando estava grávida. “Ainda na vida intrauterina, minha mãe cantava muito pra nós todos. Cantou pro Nelson, mais velho, cantou pra mim, cantou pra Márcia e foi neste ambiente musical que eu nasci. Uma família muito musical. A voz do papai era uma coisa lindíssima. Aliás, todos nós temos uma voz que reverbera, uma voz forte”, afirmou a intérprete.

A musicalidade que desde a tenra idade já fazia parte de sua vida ganhou força quando ela e os irmãos começaram a estudar musicalização no antigo Conservatório Carlos Gomes, aqui na capital. Suas primeiras professoras foram as saudosas Arlete Coelho de Sousa e Doris Azevedo. Sandra lembra que estudou música até os 15 anos, quando precisou escolher algo para fazer na vida. De uma família de profissionais da área da saúde ela acabou se formando em odontologia pela Universidade Federal do Pará, também em Belém. Mas a carreira como odontóloga durou pouco. Ela que é uma pessoa comunicativa e expressiva, buscou outra profissão e abriu seu próprio negócio, uma empresa de turismo.

Foto de Bebel Ritzmann

Foi mais uma década de trabalho até que ela, antenada com a mudança no mercado de turismo proporcionada pelo avanço da internet, decidiu encerrar as atividades de sua empresa que funcionava em Brasília. A “Duailibe, agência de viagens e turismo”. “Antes que o computador acabasse com a minha agência, eu acabei. Foi um momento de impasse, de reflexão, de mergulho em mim mesma, eu tinha mais de quarenta anos, já era adulta, dona de mim, já tinha me organizado financeiramente. E aí o Sérgio, meu marido, falou; Sandra, chega, já é a sua hora. Então se a gente tem um marco, é 2005”, contou empolgada ao lembrar da decisão que mudaria a sua vida.

Além dos estudos no conservatório, a musicalidade vivenciada dentro de casa permitiu com que Sandra Duailibe conhecesse e escutasse grandes artistas. Nomes como Angela Maria, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira são os primeiros de tantos outros cantores e compositores que compõem seu caldeirão cultural da música. Com deferência, respeito e profunda admiração, ela lembra de Leny Andrade, sua papisa (uma mulher de grande influência). “Uma mulher extraordinária, de talento raro, conhecida no mundo. Levou a música brasileira pro mundo inteiro”. Paraense de morada e coração, ela também lembra de suas amigas de vida e de palco paraenses. “A Jane Duboc, Leila Pinheiro, a Lucinha Bastos, Alba Maria, Fafá, né? Que é essa mulher efusiva, de um sorriso largo, intensa. Então, é, eu morro de paixão por esse bando de gente boa. E tem muito mais. Eu ia passar uns 10 dias aqui pra falar, porque o Brasil tem um acervo único de talentosos compositores e de talentosos instrumentistas”.

Foto de Maurício Scerni

Como as grandes cantoras da Era do Rádio, a voz marcante de Sandra Duailibe se completa com a sua presença no palco. Além da voz estrondosa, seu charme e elegância encantam não apenas a crítica, como seu público e quem a conhece. Emocionada, ela atribui essa personalidade à sua mãe, já falecida. “Eu sou conhecida como a cantora elegante dos palcos do Brasil e isso me envaidece. E eu agradeço a minha mãe que foi quem nos ensinou a ser elegante. A nossa elegância, sob meu olhar, começa de dentro, é intrínseco, é no gestual, é no agradecer. Então essa elegância de vida eu levo pro palco no vestir, no trajar, no interpretar, no respeitar os músicos, no respeitar o público. Porra, a pessoa sai de casa pra ir me ver no teatro, daí então cada vez me convenço mais de ter que estar mais arrumada, mais bonita”.

Às vésperas de completar 20 anos de carreira, ela que já percorreu palcos pelo Brasil e pelo mundo lembra de três momentos especiais na sua vida como artista. O primeiro deles nas comemorações do aniversário de 50 anos de Brasília, quando Sandra interpretou canções de músicos da cidade, recorde de público no teatro da Caixa na capital federal. Do outro lado do Atlântico, no velho continente, Sandra viveu o Festival de Bossa Nova em Tiê, na França. “Um teatro redondo, com cortinas de veludo. Tu não entrava no teatro, tu entrava num túnel do tempo, aquela coisa do século retrasado. Lindíssimo, lindíssimo. Foi o melhor camarim que eu tive até hoje”, brincou ao rememorar a experiência.

E o mais recente trabalho que eu fiz foi no Teatro Rival Petrobras, na Cinelândia, no Rio de Janeiro. O espetáculo com canções representativas da Amazônia Legal, reuniu cantores e compositores e está na pauta de projetos futuros da artista que pretende rodar o Brasil com o espetáculo. “Viajar com o Da Amazônia faz parte dos meus planos de vida. Meus quatro mais recentes trabalhos são todos voltados para compositores da Amazônia Legal. O primeiro foi Do Canto, com compositores só do Pará; depois eu fiz o Da Terra que é só voz e piano, com compositores só do Maranhão; aí veio esse ep que eu amo, Sons da Amazônia e veio este aqui que é o Da Amazônia, só compositores da Amazônia Legal”, comentou Sandra ao apresentar os álbuns.

Foto de Bebel Ritzmann

Antenada com o tempo, Sandra, que também é influenciadora e Youtuber, criou em agosto de 2019 um programa em que entrevista artistas de diversas manifestações culturais, desde a música, sua área de atuação, as artes plásticas como a cerâmica. O programa nasce de uma inquietação da também apresentadora, que sentia que os novos artistas não tinham espaço na grande mídia para se divulgar. Além disso, ela conta que o programa também é um aprendizado constante para ela que passa a conhecer sobre coisas novas. “Eu quero todo mundo junto e reunido no Plurarte. Já são quase 300 entrevistas, agora em agosto eu faço 5 anos de programa e como eu aprendo. Quando acaba cada entrevista eu fico pensando: meu deus, que riqueza”.

Ainda que muito atual, Sandra mostra seu lado saudosa ao afirmar categoricamente que morre de saudade dos cd ‘s, dos encartes, das fotos, por ser uma mulher da palavra, como ela mesma se autointitula. Ainda assim, além de acompanhar novos artistas pelas mídias sociais como o Instagram, onde mantém uma conta pessoal, ela gosta de ouvir músicas no Spotify, mas principalmente de assistir vídeos no youtube, porque gosta de ver o artista e suas interpretações. Como o futuro está logo aí, e Sandra está sempre muito empolgada e é uma pessoa dinâmica, ela antecipa um pouquinho sobre os planos para o futuro e as comemorações de seus 20 anos de carreira que ela completará em 2025. “Então, eu já venho pensando em fazer agora uma coisa escrita, justamente por sentir falta desses catálogos, desses encartes. E videoclipe, que eu sou apaixonada em videoclipe, em ir lá e tomar banho de igarapé de verdade, tomar um banho no Atalaia”, contou bem humorada.

Aos fãs, cabe acompanhar a artista e seus projetos pelas mídias sociais até que novas produções venham aí.

 

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