De Kelvyn Gomes | Foto: Marcelo Seabra
Dia 18 de maio se comemora o Dia Internacional dos Museus, uma data definida desde 1977 pelo Conselho Internacional de Museus, Icom, na sigla em inglês, como uma forma de valorizar esses espaços, sensibilizando as pessoas sobre seu papel e incentivando o hábito de visitá-los. No Brasil, o Instituto Nacional de Museus, Ibram, criou a Semana Nacional de Museus, também com o intuito de mobilizar o público, a partir de programações que buscam a valorização dessas instituições, além de discutir o papel e o futuro delas na nossa sociedade.
Mas afinal de contas, o que são os museus? Surgidos na era moderna, os museus foram pensados como espaços de depósito de acervos de materiais diversos, como um gabinete de curiosidades, ou antiquários que guardavam objetos como troféus sequestrados de outros povos, exotizados, de pedras preciosas, a utensílios do dia a dia; de pinturas a animais mortos empalhados. Essa imagem sobre os museus se perpetuou no imaginário geral das pessoas e esses lugares ficaram conhecidos e lembrados como grandes espaços de acúmulo para coisas velhas, afastando-se do público e de sua função social. Só se consideravam como museus as grandes instituições e prédios públicos, com acervos que ajudavam a contar e a desbravar as grandes aventuras e história de um passado glorioso, a história dos vitoriosos, dos grandes homens, dos grandes artistas. Uma ideia conservadora de história, memória e arte.
Na atualidade, os museus passaram a ser pensados como instituições públicas que, além de salvaguardar o patrimônio, buscam contar sobre a história e a cultura de determinados locais, a partir das memórias ativadas por eles, reconhecendo sua função e papel social. Com essa perspectiva, surgiram novas formas de ser e organizar acervos e constituir espaços não mais apenas nos centros, mas nas periferias, museus e memoriais de base comunitária, imaginados e constituídos por moradores de comunidade ditas periféricas como o Museu da Maré no complexo da Maré no Rio de Janeiro, fundado em 2006, motivado pelo desejo dos próprios moradores de terem um lugar de memória e com a proposta de promover um conjunto de ações voltadas ao registro, preservação e divulgação da história das comunidades da Maré; ou o Ponto de Memória da Terra Firme em Belém, uma iniciativa dos moradores do bairro como forma de identificar memórias, histórias e características peculiares do bairro da Terra Firme, a partir de fotografias, entrevistas, contos e causos que valorizam o lugar.
Essas e outras iniciativas no Brasil foram apontando os novos rumos que os museus e a ideia sobre eles tem tomado. Antes lugares de coisas de velhas, hoje lugares de coisas velhas, novas, histórias, memórias, pessoas e afetos. Espaços vivos, dinâmicos, no centro e nas periferias, nas capitais e nos interiores, mantidos por governos ou pelos próprios moradores numa tentativa de se livrarem de vez das amarras e da dominação pela arte e pela história.
E o que esperar dos e para os Museus? Que sejam respeitados e valorizados, reconhecidos como espaços importantes não apenas para o passado, mas para o futuro. Mas que também respeitem e valorizem a diversidade garantindo acesso e permanência com políticas de valorização do patrimônio histórico, artístico e cultural, não mais apenas da história dos “vencedores”, mas daqueles considerados outrora “vencidos”.