Portal Jambu

Por Rafael Arcanjo*

 

Autor da história em quadrinhos “Pitiú e Xibé”, o escritor e quadrinista Léo Dressant trabalha com análise de sistemas. Marajoara, Dressant nasceu na cidade de Breves, na Ilha do Marajó, e traz nas suas produções críticas sociais, histórias do folclore e da cultura do Pará e da Amazônia.

O artista regional lançará agora em setembro o livro “Bruxinha Kéké”, além de participar de dois grandes eventos literários no mesmo mês: a Bienal dos Quadrinhos, evento internacional de Curitiba, e a 26ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, que acontecerá de 9 a 17 de setembro. Como conteúdo especial, o Portal Jambu realizou uma entrevista com Dressant, que trouxe um misto de informações sobre seu próximo trabalho, sua carreira e sua produção enquanto quadrinista e escritor.

 

Você pode contar um pouco do enredo do livro da bruxinha?

É uma história lúdica, sobre uma bruxinha que acorda com vontade de comer morangos no café da manhã, mas no momento que ela pega sua vassoura mágica e sai para colher, uma fruta podre lhe é jogada na cabeça por um macaco. Com raiva ela o transforma em um galo. É uma forma divertida e infantil, de falar sobre os desafios e consequências das nossas ações na vida.

 

Há alguma relação entre a bruxinha e as histórias daqui da Amazônia sobre bruxas, como a da Matinta?

Não possui relação. Quis usar a personagem, sendo uma bruxinha (inclusive ela é uma criança na história), apenas como uma alegoria para ele ter poderes mágicos. E também, pelo fato das crianças usarem na sua formação inicial de aprendizado, a questão dos poderes mágicos relacionados a fadas, bruxas, etc.

 

Além da magia, feitiços e coisas do tipo estarem presentes no processo inicial de aprendizagem das crianças, teve algo mais que te levou a construir essa história?

Essa história eu escrevi e dei de presente para minha sobrinha quando ela tinha uns 5 anos, devido estar fascinada por histórias de princesas e ela ter medo de bruxas. Achava que eram do mal. Aí eu contei, que as bruxas não eram más, apenas agiam conforme eram provocadas. Daí tive a ideia de escrever essa história. Essa história ficou parada muito tempo, minha sobrinha hoje tem 12 anos, então como ela ainda gosta muito do tema, resolvi publicar o livro.

 

Você tem uma previsão de quando esse livro será lançado?

Ele será lançado na Bienal Internacional de Quadrinhos, que será em Curitiba do dia 7 a 10 de setembro, e aqui em Belém na 26ª Feira Pan-Amazônica do Livro, que ocorrerá dos da 9 a 17 de setembro, no ponto do autor (só não sei a data exata do lançamento, pois ainda não saiu o edital).

 

Você poderia contar um pouco mais do seu trabalho? Há quanto tempo és escritor e quadrinista? Como funciona o seu processo criativo?

Eu comecei primeiramente fazendo tirinhas, ainda na faculdade… por volta de 2012, até que fui convidado para participar do primeiro evento de quadrinhos em 2017, na ocasião da comemoração do aniversário da biblioteca no Centur. Depois daí não parei mais e me intitulei quadrinista. Desde então, trabalho profissionalmente nessa área, e lancei 3 HQ’s e lançarei a nova, também nos mesmos eventos que falei anteriormente.

Trabalhei em parceria com outros artistas aqui do estado. Desde 2018 eu já escrevia para um blog chamado: Blog da Matinta, onde contava histórias de visagens e assombrações. E no ano passado, lancei meu primeiro livro de contos, chamado: “O Livro Secreto da Matinta”, que reúne “causos” sobre um dos personagens mais marcantes do folclore amazônico. Essas histórias, são contadas pela própria Matinta. E faz parte de uma coleção, com outros seres fantásticos da Amazônia, como o curupira, entre outros, e ainda estou finalizando essa obra.

Meu processo criativo, é meio que muito pessoal… às vezes andando no ônibus, basta ver uma cena inusitada na cidade, que já serve para a imaginação florescer. Então, não tenho aquela coisa do tipo, “hoje vou escrever!”. Basta vir uma ideia na cabeça, que anoto e depois vou fazendo pequenas mudanças, conforme vou ficando inspirado.

 

O que te levou a produção de histórias, quadrinhos e afins voltados à cultura daqui de Belém?

Ah… essa história é longa, mas irei resumir. Quando eu estava fazendo mestrado, eu passei por um problema de saúde. Eu procurei ajuda médica e o médico me falou que meu problema era estresse, por estar fazendo muitas atividades. E que era para eu fazer apenas coisas que me divertissem. Então resolvi focar em desenhar. Um dia ao atravessar a ponte do Tucunduba, lá na UFPA, eu vi uma garça brigando com um urubu, disputando restos de comida. Aí deu aquele estalo, vi a oportunidade de criar os personagens, que foi o Pitiú e Xibé, para falar de assuntos relacionados ao meio ambiente, saúde, educação… e nada mais paraense do que urubus, para falar sobre a questão do lixo.

 

Sobre a Bienal dos Quadrinhos de Curitiba: O que vais apresentar lá? Quais as suas expectativas a respeito do evento?

As expectativas para esse evento são muitas. Uma chance única de levar dois personagens regionais para o grande público conhecer. Pois a bienal, é uma vitrine para os quadrinistas nacionais.

 

Em poucas palavras, quem é Leonardo Dressant?

Ah… sou um marajoara cheio de sonhos e ideias. Que pretende mostrar na sua obra, a diversidade da cultura amazônica.

 

Foto: Reprodução Instagram.

O Portal Jambu é um espaço de jornalismo experimental com matérias produzidas por estudantes de graduação da Faculdade de Comunicação da UFPA sob a coordenação da Profa. Dra. Regina Lima.

Uma resposta

  1. O léo é mais um artista com muitas idéias pra divertir a galera que gosta do entretenimento desenhado. As idéias são o carro-chefe dele.

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