Da Redação
A exposição “Grupo Cena Aberta – Memória da Cena Paraense” tem como tema a história do grupo teatral Cena Aberta, que produziu 23 espetáculos teatrais trazendo visões inovadoras sobre diversos temas durante seu período de atividade entre 1976 e 1991. Os itens que compõem a mostra vieram do acervo fotográfico, jornalístico e documentação do grupo, montado durante 16 anos por Luís Otávio Barata, um dos fundadores do Cena Aberta. Este projeto é realizado pelo Instituto Maré Cheia (Imaré), com o apoio da Prefeitura de Belém, via Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), e funciona de terça à sexta, de 9h às 12h e das 14h às 17h, e aos sábados, de 9h às 11h, no Teatro Popular Nazareno Tourinho, no bairro da Cidade Velha. A entrada é gratuita.
A mostra retrata a trajetória do grupo de forma cronológica, iniciando com sua primeira apresentação em 1976, durante a Ditadura Militar, com a peça “Quarto da Empregada”, no Theatro da Paz, encenação inovadora onde o público era convidado a ir ao palco junto dos atores. Esse passeio pela história do grupo caminha por todos os anos de apresentação do Cena Aberta retratando os 23 espetáculos produzidos pelo grupo, com fotografias, recortes de jornais da época, vídeos com entrevistas e depoimentos de cada encenação, até chegar na última peça “Mulher Dilacerada”, em 1991.
Além de Luís Otávio Barata, Margareth Refkalefsky, Zélia Amador de Deus e Walter Bandeira compõem o grupo de fundadores do Cena Aberta. O coletivo foi um dos pioneiros na inovação espacial de suas produções, influenciadas por clássicos da dramaturgia brasileira e da mundial, como Flávio de Carvalho, Jean Genet, Friedrich Nietzsche e Santo Agostinho. A última peça do grupo foi protagonizada por Margareth, com direção de Cezar Machado, com o texto original de Simone de Beauvoir “Mulher Desiludida”, de 1967.
Os espetáculos mais famosos do grupo são “Genet, O Palhaço de Deus” (1987-1988), “Posição Pela Carne” (1989) e “Em Nome do Amor” (1990), conhecidos como a Trilogia da Paixão, e foram produzidos entre 1987 e 1990. Polêmicas, as peças que compõem esse trio traziam temas da sexualidade, como as questões de gênero, que não eram discutidas com a liberdade que se tem hoje.
A primeira peça da trilogia foi baseada na obra de Jean Genet, escritor francês, e teve Luís Otávio Barata como seu diretor. Ele selecionava textos e os distribuía aos atores, que se dividiam em grupos e apresentavam sua versão das cenas. A segunda encenação foi criada sobre o livro “Heliogábalo ou O Anarquista Coroado”, do também francês, Antonin Artau. A terceira e última peça da trilogia foi inspirada nos textos Apócrifos do Novo Testamento, os “evangelhos apócrifos”, uma coleção de escritos, alguns anônimos, datados dos primeiros séculos do Cristianismo, mas que não compõem o cânone bíblico por terem sido vetados pela Igreja Católica.
A exposição “Grupo Cena Aberta – Memória da Cena Paraense” enaltece as contribuições de dois grandes artistas paraenses, Luís Otávio e Walter Bandeira, integrantes do grupo, além de homenagear e reconhecer os feitos do Cena Aberta para a cultura. Barata foi dramaturgo, escritor, diretor e jornalista e faleceu em 2006, e o acervo que deixou serviu de base para a construção da exposição. Já Walter Bandeira, foi radialista, cantor e ator teatral, e morreu em 2009. É inquestionável o legado que o Grupo Cena Aberta deixou para as futuras gerações e suas produções seguem servindo como material para teses e dissertações sobre teatro, questões de gênero e dramaturgia no estado.
Serviço:
Exposição “Grupo Cena Aberta – Memória da Cena Paraense”
Data: Até 27 de outubro.
Horário: de terça à sexta, das 9h às 12h e de 14h às 17h. Aos sábados, de 9h às 11h.
Local: Teatro Nazareno Tourinho, Praça do Carmo, n° 48, Cidade Velha.
Entrada franca.
Foto: Divulgação
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