Portal Jambu

Por Felipe Vilhena*

Nesta quinta-feira (10), às 19h, na Casa das Artes, haverá a abertura da exposição “Studio Som Jolie – Replay”, de Carol Abreu com curadoria de Wlad Lima. Trata-se de uma reexibição de sua exposição no Espaço Cultura do Banco da Amazônia realizada no ano passado. Desta vez, o projeto foi contemplado pelo Prêmio Branco de Melo 2023 e estará disponível na Galeria Ruy Meira, das 9h às 17h, até o dia 28 de novembro. A volta da exposição voltada ao áudio tenta mudar a perspectiva do que foi mostrado no ano anterior: uma retorno aos documentos e arquivos do pai de Carol.

A exposição nasceu da visita de Carol Abreu aos documentos e gravações em áudio de seu pai, que faleceu em decorrência da COVID-19. A artista plástica se deparou com registros de sua infância, momentos em família e recados deixados por Aldemário Abreu. A partir daí, foi montado uma espécie de passeio pelas memórias dela e de seu pai através de músicas, cassetes, LPs e outros registros da década de 80. Em essência, a captura da memória afetiva de Carol.

Felipe Pamplona, curador da primeira edição, descreveu a exposição como um “quasi-cinema”, conceito que nasce com o artista plástico Hélio Oiticica, que tentava acabar com a passividade do expectador ao ficar sentado enquanto assistia a um filme. O quasi-cinema pode ser entendido como a quebra da ideia de imagens sequenciais e usa este termo para definir “a projeção das imagens fixas dos slides em movimento e o movimento da plateia ao ver essas imagens”, conforme explica o cineasta Neville d’Almeida. Ao usar este termo para descrever a exposição, Felipe revela como a interatividade do público com os registros faz parte do que foi idealizado. Para alcançar esse objetivo, foram distribuídos fones de ouvido e microfones para que as pessoas pudessem registrar suas vozes para a posteridade.

Foto: Acervo pessoal / Carol Abreu

 

Outra proposta por trás da exposição é do encontro de gerações e suas formas de interagir com o áudio. Carol afirma ter mais preferência com os suportes digitais de reprodução, como celulares e computadores, diferente de seu pai que possuía um apreço pelos suportes analógicos, como os cassetes e vinis. Ao trazer todos esses registros do meio analógico, a artista quer trazer a ideia de um encontro de gerações e suas experiências sonoras para a exposição, de pessoas que talvez nunca tenham tido contato com o analógico. “Foi bonito ver o velho analógico sendo o novo, nas mãos de uma nova geração, os mediadores, fazendo a manipulação da vitrola, da fita K7”, compartilhou Carol em seu Instagram. 

 

Foto: Divulgação

 

“Studio Som Jolie – Replay” é o retorno ao passado, mas se mostra relevante no presente. Um quase documentário sobre a infância de Carol e da juventude de Aldemário. A artista revela que seu pai registrava e gravava para a posteridade, mas hoje ela encara esses registros como uma forma de aconchegar a filha nos momentos difíceis. Wlad Lima, curadora desta edição, condensa em texto nas mídias sociais esta volta da exposição. “A captura da voz fez futuro, fazendo obras e desdobras. É preciso rever esse lugar, dar replay no Studio Som Jolie. É urgente o REPLAY! Sabemos que ninguém morre quando deixa vida-em-arquivo. Então, pisa devagar, a agulha da vitrola não pode pular, arriscando arranhar as bolachas de acetato”, finaliza Wlad.

 

Serviço:

Evento: Exposição “Studio Som Jolie – Replay”

Datas: 10/08 até 28/09

Horário: De segunda a sexta, das 9h às 17h.

Local: Galeria Ruy Meira, Rua Dom Alberto Gaudêncio Ramos – Nazaré

 

O Portal Jambu é um espaço de jornalismo experimental com matérias produzidas por estudantes de graduação da Faculdade de Comunicação da UFPA sob a coordenação da Profa. Dra. Regina Lima e do jornalista Marcos Melo.

Foto de Capa: Divulgação 

*Sob supervisão da jornalista Giullia Moreira.

 

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