Por Giullia Moreira
Registrado como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2014, o carimbó se estabeleceu como uma das maiores preciosidades do Pará. A presença do ritmo em mais de 100 municípios do estado comprova essa importância. A fim de evidenciar o carimbó como ferramenta pedagógica de ensino, incentivar a sua valorização e promover o intercâmbio entre saberes populares e acadêmicos, foi realizada a websérie documental “Vivências do Carimbó”. A obra será lançada na próxima segunda (24), no Youtube.
De acordo com Priscila Cobra, idealizadora e co-diretora da websérie e Mestra em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará, o objetivo da produção é conectar a educação à música. “Buscamos promover o diálogo entre as áreas da educação, cultura e salvaguarda do carimbó. Entrevistamos e acompanhamos um pouco da rotina de educadores e carimbozeiros, fazendo uma ligação entre áreas que normalmente vemos muito afastadas: a educação da sala de aula e a cultura popular, presente nas ruas, nos grupos e rodas de carimbó”, comenta.
Durante o processo de criação do documentário, a equipe percorreu diversas localidades paraenses para entrevistar mestras e mestres de carimbó, professores da rede pública de ensino e fazedores do ritmo. Dividida em três episódios, a produção apresenta os fazedores de carimbó de Icoaraci, entrevista professores e mestres de carimbó de Soure, no Marajó, e finalizam a narrativa com outras referências do assunto provenientes da região metropolitana de Belém. Os capítulos, intitulados “De frente pro rio”, “Ilha de Encantarias” e “Resistência Urbana”, reúne grandes referências do cenário musical, como a mestra Nazaré do Ó, os estres Lourival Igarapé, Raimundo Jaci, Nego Ray, Thomaz Cruz, Ney Lima Pela Paz e muitos outros artistas.
“Essa interação de saberes estimula a inovação das práticas de ensino, porque o carimbó valoriza a cultura e os saberes tradicionais e tem uma natureza diversa: aborda desde a cultura, quanto o meio ambiente, a alimentação e a biodiversidade. Por isso, utilizar esses saberes dentro da sala de aula, nos leva à possibilidade de ensinar aos mais jovens essa cultura, e também valorizar essa manifestação cultural tão rica do nosso Estado, que é o carimbó”, destaca Solange Ramirez, professora da rede pública de ensino em Soure, representante do Grupo de Carimbó Marafênix e uma das fontes da websérie.
Neste domingo (23), no Espaço Cultural Coisas de Negro, em Icoaraci, acontecerá o pré-lançamento da obra audiovisual. No evento, será exibido o primeiro episódio e haverá uma tradicional roda de carimbó com os mestres e mestras que participaram das gravações. Confira aqui teaser da produção.
Para Marcos Corrêa, co-diretor da websérie, para além dos ensinamentos sobre as populações tradicionais e sobre a realidade socioambiental, o carimbó também traz referências do ambiente urbano. Priscila Cobra complementa este pensamento: “Vamos mostrar na websérie que carimbó não é apenas um ritmo. É um estilo de vida, uma raiz ancestral da nossa Amazônia”, conclui.
Serviço:
Pré lançamento websérie Vivências do Carimbó:
Data e Hora: 23/04, a partir das 19 horas.
Local: Espaço Cultural Coisas de Negro: Av Dr Lopo de Castro, 1081. Icoaraci.
Lançamento da websérie Vivências do Carimbó:
Data e Hora: 24/04, às 10h da manhã, no Youtube.
Foto de Capa: Marcos Corrêa
O Portal Jambu é um espaço de jornalismo experimental com matérias produzidas por estudantes de graduação da Faculdade de Comunicação da UFPA sob a coordenação da Profa. Dra. Regina Lima e do jornalista Marcos Melo.